No mês de janeiro cabem muitas cores, como o branco que serve de alerta sobre a saúde mental e o roxo, que remete à campanha de conscientização sobre a hanseníase (popularmente conhecida como lepra) – cujo agente infeccioso foi descoberto em 1873, mas que até hoje é cercada de preconceitos, visto que as deformidades que pode provocar nos portadores acabam os excluindo socialmente. Com o objetivo de desmitificar o assunto, o dermatologista da Unidade de Pronto Atendimento e Atenção Especializada de Petrolina, Dr. Elson Marques, aproveita a data para levar esclarecimentos à população, ressaltando as principais questões ligadas à hanseníase.
“Para começar podemos dizer que o diagnóstico da hanseníase pode ser feito de forma clínica, sem precisar de outros exames. O tratamento é realizado na atenção básica com medicamentos via oral, de forma gratuita, e deve ser procurado na fase inicial da doença, pois a hanseníase tem cura, mas se não for tratada adequadamente pode apresentar complicações, levando a sérias incapacidades físicas”, ressalta.
De acordo com o profissional, a transmissão se dá pelas secreções das vias aéreas superiores, bem como por gotículas de saliva, e não através do contato pele a pele. “Também é importante frisar que o paciente em tratamento regular ou que já recebeu alta não transmite a hanseníase”, garante. Quanto ao quadro de saúde, o médico ressalta que “embora a hanseníase atinja basicamente a região cutânea, também pode afetar os nervos periféricos, os olhos e, eventualmente, alguns outros órgãos”. O período de incubação pode durar de seis meses a seis anos, sendo que a maioria das pessoas que entra em contato com os bacilos transmissores não desenvolve a doença.
A enfermidade provocada pela bactéria chamada Mycobacterium leprae (M. Leprae) é ainda um assunto global e contemporâneo em países em desenvolvimento, tendo a sua grande prevalência no Brasil, em especial na região nordeste. “Por isso, ainda é válido falar sobre o tema, até para diminuir o estigma social que ele carrega”, afirma o especialista. Parte do preconceito que cerca a doença vem da antiguidade, onde a falta de conhecimento fazia com que os doentes fossem recolhidos em leprosários. Naquela época, qualquer doença dermatológica era chamada de lepra e assustava as pessoas, que preferiam manter distância do doente.
“Mesmo com todo o avanço da medicina, prevenção através da vacina e tratamento eficaz padronizado pela Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde, ainda se evita muito falar sobre a hanseníase. Dessa forma, as pessoas continuam sem informação e não conseguem ter acesso ao diagnóstico precoce”, avalia o médico.
Para finalizar o boletim informativo/educativo da UPAE/IMIP, que sempre trabalha datas importantes para a saúde, ele informa que aos primeiros sintomas da doença – que se apresenta através de manchas, geralmente esbranquiçadas, em qualquer parte do corpo, acompanhadas de perda de sensibilidade ao calor e ao frio, sensação de formigamento, dormência nas extremidades e diminuição da força muscular – o paciente deve procurar o serviço de saúde. O ápice do “Janeiro Roxo” acontece no dia 24 de janeiro, estabelecido como Dia Mundial do Hanseniano e ações em todo o mundo marcam a data.
Ascom/UPAE/IMIP
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