“A ingratidão tira a afeição! ” Frase célebre, desferida a quem com esnobe atitude despreza, ou não reconhece uma benevolência praticada por outrem. Há muito me questiono sobre o que leva um indivíduo juazeirense, ou não, a criticar sua cidade e por ela nutrir tamanho desprezo a ponto de supervalorizar uma outra, sem nem perceber o mesmo desprezo desta outra e das/dos suas/seus pelo cujo ser.
O direito a crítica (direito a crítica, não desrespeito e xingamento) é irrefutável, tanto que estou a fazê-la neste momento, de modo a tentar refletir junto sobre essa “Complexo de vira lata” (de forma livre: termo de Nelson Rodrigues ao se referir ao povo brasileiro como idólatra e supervalorizador dos Estados Unidos) que acomete algumas pessoas juazeirenses, ou não, no que se refere à vizinha cidade de Petrolina. Não quero aqui criticar, ou tolher ninguém no seu direito de ir e vir e/ou adotar qualquer lugar como seu. Mas atentar para o fato da desqualificação gratuita que se faz à cidade de Juazeiro, sem refletir acerca das suas posições e atitudes enquanto cidadã e cidadão deste torrão do São Francisco.
Sou juazeirense e me sinto legitimada a repudiar qualquer atitude de menosprezo e/ou desvalorização por esta terra que tanto acolhe e recebe hospitaleiramente quem aqui pisa. Não sou ingênua ao ponto de não perceber as necessidades da minha cidade, bem como suas deficiências. Mas há muito deixamos de ser uma província e alcançamos o status de cidade de médio porte, tornando-se uma das mais importantes do Vale do São Francisco, da Bahia e do Brasil, vide os destaques dados nacionalmente nos telejornais e nos mais importantes jornais impressos do país, até virando enredo de escola de samba, como será o caso da Grande Rio no ano que vem, na homenagem feita a Ivete Sangalo.
Visto isso, há aqueles e aquelas que aqui chegam, ou nasceram, estejam bem sucedidas/os, fizeram-se estruturadas/os e tiram seus sustento desta “pobre e atrasada” Juazeiro. Mas, sendo ela desta forma adjetivada, optam por morar na vizinha cidade do estado de Pernambuco, pois, esta, é progressista, evoluída, desenvolvida e rica, merecendo que o indivíduo invista lá, more lá, gere receita para lá, escolha as melhores escolas de lá, lembrando que temos ótimas escolas aqui também, mas “a mente provinciana” teima em prevalecer, pois, o que é de Juazeiro não presta, nada aqui presta, tudo é atrasado, o bom é de Petrolina (falo sem nem uma intensão de ofender a vizinha cidade, pois, ambas, são necessárias à região e tem seu valor perante a História.).
Nada aqui funciona, as coisas aqui não andam, é uma terra sem lei, por isso eu não paro na faixa de pedestre e nem uso o cinto de segurança, porque não tem câmera e nem fiscalização. Petrolina que é lugar de se viver, o povo é educado, respeitador, “um povo bonito” que nem parece daqui... Afirmações como estas são proferidas a todo tempo por pessoas de Juazeiro, sem nem se darem conta de que estão desqualificando a elas mesmas. Ora, se sou eu uma cidadã cumpridora das obrigações que me dizem respeito enquanto tal, eu as cumpro em qualquer lugar do planeta, seja ele monitorado ou não, pois, de mim, depende o bom andamento da sociedade e das leis vigentes. Se sou cidadã, sou em qualquer lugar e não somente onde sou obrigada a cumprir com a lei por meio de coerção, e não por educação e cidadania.
A culpa é dos governantes? Sim, talvez. Tivemos muitos que também pensavam dessa forma provinciana e faziam seus investimentos fora daqui. Mas a culpa também é da cidadã e do cidadão que não os monitora, que não os cobra e que não faz a sua parte, no que diz respeito às várias contra partidas para o bom andamento e ordem das bem feitorias executadas na cidade. Não há governante bom, se o povo é mal educado e não se percebe como responsável pela cidade e o seu ordenamento.
Voltando a frase inicial e, repito, não quero criticar ninguém pelo seu direito de escolha, me refiro aqui às pessoas que menosprezam e desqualificam gratuitamente Juazeiro, sem nada fazerem para transformá-la na cidade que tanto desejam. Assim sendo: Se trabalho aqui, em Juazeiro, ganho meu sustento aqui, por que não querer que este local seja do jeito do que eu escolhi para desfrutar do bônus que ganho na que me acolheu e me oportunizou esse bem estar fora dela?
Queila Patrícia
7 comentários
14 de Dec / 2016 às 12h38
Olá Queila Patrícia, não te conheço, mas já vejo em você uma mulher de fibra, coragem e determinação. Sou petrolinense de nascimento, e juazeirense por adoção. Gosto muito de Juazeiro por ter vivido a maior parte de minha vida (familiar, profissional e de amizade). Eu acho que você foi muito feliz em suas palavras, jamais devemos ser medíocres diante da realidade que uma cidade nos traz, problemas de qualquer ordem toda cidade tem, porém o verdadeiro sentido da vida são as pessoas, as instituições, os amigos, a natureza, e isso, Juazeiro tem, mas é preciso alguém valorizar mais. Valeu Queila!
14 de Dec / 2016 às 13h49
Parabéns Queila, que texto. Infelizmente muitos de nossos irmãos Juazeirenses peça desta forma mesmo, desprezando, humilhando e esculhambando nossa cidade. nasci em petrolina, mais minha cidade é Juazeiro, amo Juazeiro, brigo por Juazeiro e dou valor o que é de Juazeiro. Terra de artistas, terra de cultura e do melhor povo do mundo, que acolhe a todos que aqui vem passear ou morar. nós temos história e para aqueles que moram e não amam, eu só lamento vão embora e nos deixem em PAZ.
14 de Dec / 2016 às 15h00
Sou adotado tambem e sou bairrista, falou mal de Juazeiro rebato e mais acho que quem ganha o pão em Juazeiro tem que investir aqui conheço várias pessoas vivendo nessa situação, mas um dia a história fará justiça.
15 de Dec / 2016 às 09h04
É isso ai, Queila Patrícia, Juazeiro é Juazeiro, ela pertence a nossa Bahia, a Bahia de todos os santos. O que eu gosto mais de Juazeiro são das ruas do centro, que me lembra das ruas da minha Velha Pilão Arcado, que a gente pulava quando moleque, de uma margem para outra, sem precisar ter as pernas grande.
15 de Dec / 2016 às 13h20
talvez você não lembra más um bom tempo passado, era o contrário. Ganhávamos dinheiro em Petrolina e corríamos para juazeiro gastar. Hoje a realidade é outra. Petrolina tem sim, bons restaurantes, excelente escolas, ruas bem estruturadas. Agora, se tenho condições para usufruir melhores escolas, saúde, lazer, não interessa onde esteja. Os grandes carnavais de Juazeiro , onde os blocos sei-lá, eva e outros, eram repletos de Petrolinenses e nem por isso, deixavam desvalorizar uma ou outra. Questão de tempo e , infelizmente, politica de gestão pública.
15 de Dec / 2016 às 13h28
faço outro comentário. Já analisou o percentual de petrolinense nas lojas e atacados em Juazeiro? Açai , atacadão , Juá garden , etc? É um nº bem elevado . Todos os dias deparamos com essas pessoas nesses locais ,más , mesmo assim, a cidade continua progredindo , fazendo refletir o bom andamento nesse momento do progresso econômico que passa em juazeiro.
15 de Dec / 2016 às 21h24
Irmã, Sou Pernambucano de nascimento e em 1997 vim morar em Juazeiro, onde trabalhei como funcionário público estadual Desde 1991,e estou até hj. meus filhos aqui nasceram e estudam. Critico neste blog o que está ao alcance de ser feito e não fazem por simples pretexto e ego próprio de dizerem este não é do governo. votei nas duas vezes em Isaac Carvalho e agora em Paulo Bonfim e não deixarei de na hora certa elogiar e criticar.