ARTIGO - PREITO DE GRATIDÃO AO PROFESSOR AILTON

Professor Ailton

Vê-lo ali completamente imóvel, parado, parecendo morto, o semblante sem nem sequer emitir um único laivo de existência, parecia inacreditável.

Justamente ele que sempre soube se comunicar como poucos, que sabia ser amigo dos amigos, que sabia contar “causos” melhor que ninguém e ser agradabilíssimo e fino no trato.

Conhecemos-nos ainda crianças, quando os nossos sonhos eram tão grandes que, às vezes, extravasavam os nossos peitos e as nossas almas.

Ele menino humilde, como assim se conservou durante toda a sua existência de adulto, proveniente da Barra da Cruz, no Município de Sento-Sé, Bahia. Eu também neto, filho e sobrinho de sento-seenses, por parte do meu pai. Eu na terceira série do Ginásio Ruy Barbosa e, ele, entrando na primeira série, colega de sala da minha irmã, Edinha.

Não é nenhum demérito para a sua memória dizer que, ele estudava pela manhã, e na parte da tarde vendia picolé, pelas ruas da cidade. Mas isso, em momento algum lhe serviu de empecilho ou de vergonha. Progrediu, foi à frente, tornou-se um rapaz, concluiu o ginasial e o científico e submeteu-se a um Concurso Vestibular na Faculdade de Agronomia do Médio São Francisco – FAMESF     , onde foi aprovado.

Uma vez feito Acadêmico de Agronomia, trocou a caixa de picolé pelo giz e o apagador. Começou a morejar como Pofessor de Matemática, ficando conhecido, já pelas novas gerações, com o nome de Professor Ailton.

Cuidadoso ao extremo com a sua saúde. Fazia caminhada todos os dias pela manhã; muitas vezes o encontrei até correndo.

Ontem, à tardinha, fui surpreendido pela notícia da sua morte.  Nem sequer sabia que ele estava doente.

Hoje cedo, ao chegar no SAF, pude constatar a dura realidade da morte do meu amigo! Lá estava ele no seu ataúde, com as feições plácidas e serenas, como quem apenas dormia e.... dormia mesmo.

Lembram os cristãos de quando “Eu Sou” apareceu a Moisés, no monte Sinai, pela primeira vez?

Ele estava sob a forma de um fogo, sobre uma sarça que ardia mas que não se consumia.

Moisés teve a curiosidade  de chegar mais perto para vÊ-Lo, então após ELE mandar Moises tirar as sandálias dos pés, disse-lhe que ELE era o Deus de Abraão, de Jacó e Isaac e, que ELE era o DEUS dos vivos e não o Deus dos mortos.

Séculos mais tarde, Jesus Cruisto, Seu Filho, reafirmava essas palavras quando disse: “Todo aquele que crer em mim não morrerá, e ainda que esteja morto, viverá”(João 11; 25-26).

Consolemo-nos nas palavra do nosso Mestre, que Deus não é Deus dos mortos , mas sim Deus dos vivos.

Siga em paz sua estrada meu irmão e amigo, e que ela seja de muita luz, rumo a uma das moradas da Casa o Pai.

Saudades.

Dr. Carlos Augusto Cruz

Amigo da família