Em e-mail ao Blog alguns estudantes da Univasf (Universidade Federal do Vale do São Francisco questionam o movimento que ocupou as dependências da universidade no início da semana. Confira o conteúdo da Carta aberta à sociedade:
Carta aberta à Comunidade Acadêmica da Univasf e à sociedade
Diante dos fatos ocorridos nos campi da Universidade Federal do Vale do São Francisco na manhã do dia 10 de outubro de 2016, em que houve a ocupação da reitoria e o fechamento de todas as estruturas da universidade sem o conhecimento de grande parte dos alunos univasfianos, viemos questionar a legitimidade do movimento.
Esclarecemos não somente à comunidade acadêmica, bem como à sociedade de uma forma geral, que tal movimento se posicionou de forma ilegítima quanto à representatividade, não existindo uma liderança, tendo em vista que membros do próprio movimento grevista afirmaram ser este um movimento “horizontal”, onde não há quem os represente de fato, e sim um todo.
Ainda, relatamos que além da ilegitimidade do movimento grevista que não representa a maioria dos estudantes da Univasf, toda a decisão de invasão da reitoria, subtração das chaves da universidade e deflagração da greve com a proibição de alunos, professores e técnicos administrativos de acessarem suas dependências, foi feita de forma maculada, inclusive sem ampla divulgação de assembleia legalmente constituída, onde se pudesse votar a favor ou contra tal paralisação, permitindo que apenas àqueles ligados diretamente ao movimento de greve pudessem comparecer e votar.
Considerando que os anseios da comunidade acadêmica no que diz respeito ao Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), o qual é destinado aos auxílios estudantis como bolsa permanência, transporte universitário, residências universitárias e o Restaurante Universitário, de acordo com a atual conjuntura econômica, prevê cautela quanto à disponibilidade orçamentária, contudo, a própria reitoria já esclareceu em nota, na página da Univasf, que tais demandas serão mantidas sem alteração, refutando firmemente a possibilidade de fechamento da universidade após Julho de 2017, contradizendo informações repassadas pelo movimento paredista com o intuito de provocar pânico entre os alunos beneficiários e dependentes diretamente desses programas de assistência.
Trazendo ao conhecimento da sociedade, a deflagração de um movimento grevista estudantil é um direito legítimo de acordo com a lei 7.783/89, que regula os direitos de greve do trabalhador, sendo aplicada analogamente à greve estudantil conforme jurisprudência existente. Segundo Evaristo de Moraes Filho, um conceituado e renomado jurista e estudioso do Direito do Trabalho, “o objetivo da greve não é necessariamente salarial. Pode ser moral, político, social, mas sempre estará subjacente o interesse coletivo, imediato ou mediato, dos que se declaram em greve”.
Desta forma, compreendemos o caráter social de tal preocupação dos alunos, corroboramos com a mesma ideia de se reivindicar por manutenção e proteção aos direitos já adquiridos ao longo dos anos, no entanto, algumas medidas vêm sendo tomadas de forma arbitrária e de maneira ilegal. De acordo com a legislação aplicada, não é permitido, em nenhuma hipótese, impedir o acesso ao trabalho – a ocupação e trancamento de salas de aula e, o impedimento do acesso aos professores. Configurando assim uma infração legal, prevista do artigo 6º da lei supracitada: “As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa”.
Além disso, nesta mesma lei compreende-se que, em nenhuma hipótese, os meios adotados pelos grevistas poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem. Com isto, a mesma ocupação que impede os professores de acesso às salas, também ferem os direitos individuais dos estudantes que optaram por não aderir à greve. Assim como a adesão é um direito, a não adesão também o é, tornando qualquer mecanismo que a impeça, antidemocrático e criminoso.
Por fim, existem dados e medidas sendo divulgados de maneira maquiada e impositiva, com base em posicionamentos político-partidários, nos quais desvirtuando o motivo inicial na manifestação, permeando a insatisfação contrária de uma parcela significativa de alunos da Univasf que se posicionam contrários aos métodos adotados, impossibilitando qualquer negociação com o grupo grevista, que se comporta de maneira extremista, irredutível e completamente intolerante às ideias de contraposição. Assim, por todos estes motivos expostos, e pela forma na qual o movimento vem sendo conduzido, nos posicionamos CONTRÁRIOS À GREVE ESTUDANTIL de um determinado grupo de alunos e, convocamos todos da comunidade acadêmica à reflexão e ao comparecimento em massa nas assembleias, para que possamos juntos, trazer ideias e fortalecer o ensino superior de maneira inteligente e responsável.
Petrolina – PE, 12 de outubro de 2016.
Movimento Contraparedista Univasf
Abaixo-assinado contra a greve estudantil: http://www.peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR948880
10 comentários
13 de Oct / 2016 às 09h17
Depois que cinquenta e quatro milhões de votos foram desrespeitados e golpeados, e algumas garantias, inclusive constitucionais estão sendo ameaçadas, natural que alguém reaja, estão de PARABÉNS os alunos que estão promovendo esta ocupação, mesmo sem nenhuma sigla assumindo o ato. e pra vocês que reclamam e também não dizem quem são, não vi nenhum nome ou sigla assumindo esta nota, (movimento contraparedista, NÃO É NINGUÉM), Não esqueçam daqueles que primeiro roubaram uma rosa do jardim, ......
13 de Oct / 2016 às 11h11
Muito pertinente o texto, o movimento está caracterizado como partidário, patrocinado por anarquistas, comunistas revelando sentimento de desordem, e trazendo prejuízos para os demais que não são obrigados a aderir o movimento. Estou solidário a carta aberta por demonstrar sensibilidade, conhecimento amplo do sentido democracia.
13 de Oct / 2016 às 12h35
Dá pra perceber a diferença? O resto é um bando de bagunceiro, que não querem estudar, e sim defender os corruPTos. Muito bem, verdadeiros estudantes. É assim que se faz. Fora idiotas úteis do PT.
13 de Oct / 2016 às 13h01
Ainda existem pessoas coerentes e moderadas,que entendem a importância do diálogo como forma adequada e inteligente de discutir as grandes questões nacionais.Não se impõem idéias.Parabéns a estes estudantes!
13 de Oct / 2016 às 15h15
Sou estudante da univasf e nao concordo com o movimento grevista dos alunos. Fora de contexto. Estao apenas seguindo a cartilha da esquerda. Sem democracia nas decisoes. Tomaram a univasf sem assembléia, ou seja, nao têm legitimidade.
13 de Oct / 2016 às 17h55
ALUNO ESTA NA UNIVERSIDADE PARA ESTUDAR E NÃO PARA FAZER GREVE PARA DEFENDER CORRUPTOS E LADRÕES DO NOSSO PAIS.ESTA GREVE É INCENTIVADA POR AQUELES QUE PERDERAM AS TETAS GOVERNAMENTAIS.CABE UMA PUNIÇÃO DE ADVERTENCIA AOS BADERNEIROS,NA REINCIDENCIA,RUA ! NÃO QUEREM ESTUDAR,PEGUEM UMA ENXADA E VÃO PLANTAR BATATAS !...
13 de Oct / 2016 às 21h42
Para vcs que pensam que somos bagunceiros eu só tenho o desprezo. Estamos na UNIVASF para estudar e estamos fazendo movimento para melhoria do ensino. Qual de vcs estudam?? O DCE vem realizando reuniões e mais reuniões, as pessoas que estão no grupo contraparedista nunca participaram de nenhuma das reuniões, agora acusam os paredistas. O auxilio permanência da universidade é de R$ 200,00, o auxilio moradia é de R$ 150,00. Muitos de nós sobrevivemos com esses R$ 350,00 mensais.
13 de Oct / 2016 às 21h49
Não estamos fazendo greve pra defender a porra do PT, mas nossa luta sempre foi contra todos os corruptos. Diferentes de vcs que não aceitam a roubalheira do PT mas se venderam para o governo de TEMER. Vcs que nós chamam de vagabundos não sabem as dificuldades que passamos para estudar. Longe de nossos familiares, é uma batalha todo dia. A maioria dos colegas que se posicionam contra são sustentados pelos pais, ganharam um carro quando passaram em Engenharia, não dependem de ônibus da faculdade.
13 de Oct / 2016 às 21h49
Não estamos fazendo greve pra defender a porra do PT, mas nossa luta sempre foi contra todos os corruptos. Diferentes de vcs que não aceitam a roubalheira do PT mas se venderam para o governo de TEMER. Vcs que nós chamam de vagabundos não sabem as dificuldades que passamos para estudar. Longe de nossos familiares, é uma batalha todo dia. A maioria dos colegas que se posicionam contra são sustentados pelos pais, ganharam um carro quando passaram em Engenharia, não dependem de ônibus da faculdade.
13 de Oct / 2016 às 21h55
Eu entrei na faculdade para estudar, mas estou cansada de ônibus lotado, de falta de água, de falta de papel higiênico... Esses que hoje vcs chamam de moderados ontem estavam me xingando e me ameaçando no facebook... Portanto, vcs não sabem de nada... Sorte a de vcs... Vcs não precisam saber, infelizmente eu sei por que sinto na pele.