Uma das grandes preocupações de quem vive da criação de cabras e ovelhas em regiões de clima semiárido e chuvas esparsas como o sertão da Bahia é o alimento para o rebanho em época de grandes estiagens. Nos municípios da região norte do Estado, como Juazeiro, Remanso, Casa Nova, Curaçá e Uauá, a última chuva que caiu foi no mês de Janeiro deste ano e sete meses depois o pasto no meio da caatinga já começa a faltar. Para muitos, a falta de alimento significa vender os animais mais cedo e muitas vezes por preços que não agradam quem cria.
Planejamento para conviver com a seca
Para evitar que isso aconteça os Agentes de Desenvolvimento Rural Sustentável do Programa Bioma Caatinga, do Sebrae, Banco do Brasil, Fundação Banco do Brasil e muitos outros parceiros, iniciaram um planejamento com os produtores para que não tenham que fazer isso na próxima seca. Uma das medidas que será adotada é uma reversa de pastagem para garantir a alimentação dos animais durante a estiagem. A suplementação alimentar pode ser feita com rações compradas prontas em casas comerciais do ramo, que vendem esses produtos de forma legal ou buscada através da adoção de técnicas de conservação de forragens produzidas na própria fazenda com pastagens que podem ter excelentes fontes de suplemento alimentar de qualidade e de baixo custo.
Um Campo de Futebol de Palma para 650 cabras
Uma das alternativas para enfrentar a seca é o plantio da Palma Forrageira. A palma é resistente à falta de chuvas, é alimento energético, armazena uma grande quantidade de água e tem alta digestibilidade. De acordo com o Médico Veterinário e supervisor do Programa Bioma Caatinga, Rafael Sene, há produtores rurais que conseguem produzir até 800 toneladas de massa de forragem de palma por ano em apenas um hectare. Ou seja, um campo de futebol com medidas de 110 metros de comprimentos por 75 metros de largura dá para alimentar 650 animais durante um ano, caso a palma seja irrigada. E o produtor tem uma garantia de oferecer alimento para seu rebanho durante todo o ano independente da chuva.
Cuidar da sanidade dos animais valoriza o rebanho
Uma outra medida que está sendo adotada junto aos produtores rurais dos cinco municípios assistidos pelo o Programa Bioma Caatinga, é o cuidado com a saúde dos animais. Desde o mês de Julho estão sendo realizados encontros com os criadores de caprinos em ovinos, nos quais são abordados assuntos como o cuidados com os cabritos e burregos recém-nascidos, vacinação contra doenças como Clostridiose, mal do carroço e vermes, a forma e a idade correta de castrar os machos para evitar coberturas indesejadas, o manejo alimentar – utilização de reforço de alimentação (creep-feeding) e a mineralização do rebanho. Trinta e cinco eventos desse tipo, que são chamados de clínicas tecnológicas, já foram realizados. Mil e cinquenta e quatro produtores participaram.
Aplicação do Plano Fácil
Agora os produtores estão sendo treinados para fazer o planejamento anual que tem o objetivo de melhorar ainda mais seu rebanho e o gerenciamento da sua propriedade. É a aplicação do chamado Plano Fácil, que é feito junto com o Agente de Desenvolvimento Rural Sustentável da região onde mora o produtor. Esse planejamento (Plano Fácil) será feito com base em uma análise (diagnóstico) que já foi realizada em cada propriedade.
Josenaldo Rodrigues - Coapseri/Programa Bioma Caatinga
1 comentário
08 de Aug / 2016 às 05h49
Tomara um dia o pequeno e médio criador do sertão deixe de ser gigolô (aquele que explora o animal e nada faz por ele)!...