O maior show da terra aconteceu na noite de ontem, cinco de agosto de 2016, no Maracanã, Rio de Janeiro: a abertura das Olimpíadas, em solo brasileiríssimo pela primeira vez.
Graças ao encantado e assustador poder da tecnologia dos novos meios de comunicação, o magistral evento pôde ser visto simultaneamente por mais de 4 bilhões de seres humanos espalhados por esse simpático planetinha chamado Terra.
Tudo perfeito, tudo "divino, maravilhoso" como diria um poeta baiano.Uma demonstração para o mundo, de que o brasileiro, quando quer, faz coisas boas, que superam quaisquer outros povos, por mais avançados que sejam.
No entanto, por mais lindo, contagiante que foi o espetáculo, ficou faltando a famosa cereja do bolo: Sua majestade, o REI PELÉ, acendendo a pira olímpica, num gesto triunfal que coroaria de glória o país e o seu filho mais fantástico, o gênio, o monarca, o Deus do futebol.
Como não podia deixar de ser, surgem logo os críticos vorazes, para desancar e condenar a atitude de Edson Arantes do Nascimento em não permitir que seu alter ego, Pelé, o soberano, fizesse o que todos nós esperávamos, inclusive ele, como bom brasileiro, desejava.
Como súdito leal, entro em defesa do gesto extremo de Sua majestade e justifico sua real e dramática decisão.
Como permitir que aquelas pernas cor de ébano que deslumbraram o mundo com desconcertantes e insuperáveis dribles, bicicletas de raríssimo esplendor, gols, milhares de gols de tão bela plástica quanto uma pintura de Van Gog ou Di Cavalcanti, fossem, naquele momento único, expostas agora em total fragilidade, amparadas por uma tosca bengala?
Na retina dos olhos de milhões de sortudos terráqueos que tiveram a sorte de ver suas jogadas celestiais, ficou gravada a beleza que nem o tempo conseguiu apagar: como conspurcá-la com essa visão de um deus vencido por vicissitudes inerentes aos mortais comuns?
Como passar para as novas gerações, que os Maradonas, os Messis os Ronaldos e Cristianos não chegam aos pés do mestre maior do futebol?
Pelé está certo. Outro rei, tão grande quanto ele, Muhammad Ali, cujos braços tinham a mesma perfeição, quanto as pernas do negrinho de Três Corações, mostrou-se frágil acendendo a pira olímpica, trêmulo, vencido pelo mal de Parkison deixando-se ver em sua humana condição de fraqueza.
Foi nobre, mas foi deprimente e dramático; foi grandioso, mas foi triste. Pelé, nosso rei, não poderia passar por isto.
VIDA LONGA AO REI PELÉ! DEUS ABENÇOE AS OLIMPÍADAS NO BRASIL, PARABÉNS AO POVO BRASILEIRO.
Paulo César de Andrade Carvalho
3 comentários
06 de Aug / 2016 às 12h41
Li ontem um sensacional artigo no Blog do professor Otoniel Gondim. Nesse artigo o Gondim traz uma mistura interessantíssima de jogos olímpicos com olimpíadas eleitorais. Um artigo de uma repercussão imensa e genial. Agora, em plena efeverssência dos Jogos olímpicos, volto a ler um grandioso artigo sobre isso do amigo e talentoso Paulo César. Parabéns aos dois e, meu flamenguista Paulinho, você é grande, meu rei. Aplausos!
06 de Aug / 2016 às 16h58
A vida é assim mesmo. A gente sabe como começou, mas não sabe como vai terminar. O futuro é desconhecido, mesmo com a ousadia de querer prever, entretanto, nem tudo dar certo. A saúde é um bem sagrado, mas é sempre perseguida pelo destino de cada um. Foi isso que aconteceu com Pelé.
07 de Aug / 2016 às 09h56
Parabéns pelo texto, mostrou a grandeza do que foi e o que é o Pelé.