PSICODELISMO DA NATUREZA

Hoje não ouvi nada, só senti

Veio do nada pro nada

Queria recheio, conteúdo, pelas tampas

Onde buscar? Tem lugar?

A começar em que rampas?

Paro e parei os tempos

Pareceu-me normal e simples

Nem os uivos dos ventos

Nem os grunhidos dos porcos

Nem os alegres, nem os tensos

 

As nuvens não me convencem

Nem os meus times que vencem

Não sinto dores em topadas

Existo, eis os porquês das pensadas

 

Vagalumes acendendo e, vupt!, centelhas apagadas

Estrelas suplicando luzes em apuros

Arvoredos amargos, gritos sem estilos puros

Pudins com aspartames, bravezas de mães, bolos duros

 

E aquele sonho que teima

Em não sonhar?

E aquele sono sublimando-se em suores a me acordar

Bom é no rio

Sol, bíceps e nadar

 

Enquanto isso, observo urubus e carniças

Num digno banquetes de políticos e afins

Tomo uma coca colas com fritas e arrotos

Gorduras cis-trans vem à tona

De carona

%, x%, $%, 100%

Quem criou o alfabeto dos percentuais

E os ais, às?

Menino, irás! Menino, não adorais!

Menino, matarás! Menino, não amordaçarais!

Menino, roubarás! Menino, não choras!

Menino, Menino

Dos ais e às!

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