Os participantes do I Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, que acontece até o dia 09 de junho na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Campus Juazeiro-Univasf) puderam presenciar, na manhã desta terça-feira (07/06), um rico debate entre três reconhecidos consultores de recursos hídricos e meio ambiente. A mesa sobre a atualização do Plano de Bacia do São Francisco reuniu Pedro Bettencourt, Rodolpho Ramina e Pedro Molina, mediados pelo presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda. Entre diálogos e divergências, algo de consenso: a complexidade dos desafios enfrentados pelo Velho Chico.
“Não existe ‘bala de prata’ para salvar o rio São Francisco. Nenhuma solução será fácil para enfrentar os complexos problemas que o rio vem passando ao longo dos anos”, afirmou o engenheiro Rodolpho Ramina. Uma das divergências dele é quanto à questão da escassez de água. “Não existe falta de água. Existe falta de gestão. O problema da redução da vazão, por exemplo, é justamente isso. É uma discussão sobre o nível dos reservatórios. A água está lá”, afirmou.
Ramina destacou a importância da atualização do Plano de Bacia e chamou atenção para a necessidade de este plano refletir as demandas sociais. “Um plano não pode ter apenas as aspirações do planejador, mas também os anseios sociais de uma realidade que se transforma”. Para reforçar o seu argumento, Molina divergiu em relação à demanda por água, que, para ele, não tem tendência à diminuição, exigindo uma atenção especial aos reservatórios e a garantia da água da bacia. A atualização do Plano de Bacia, realizado pela Nemus Consultoria, constatou, nos últimos 16 meses, um aumento de 87% de demanda pela água da bacia, especialmente pelo crescimento dos projetos de irrigação.
Entre as propostas do Plano apresentadas por Pedro Betencourt (representante da Nemus) está o estudo de medidas complementares para reduzir a demanda por água e possibilitar o uso sustentável do manancial, como a regularização da cobrança, pois a água é um bem econômico e os usuários precisam ter dimensão do seu real valor. “É necessário um acordo de partilha para equacionar tantas necessidades e desejos dos usos múltiplos do São Francisco. A situação não está confortável hoje, e estará ainda menos no futuro”, destacou.
Para Anivaldo Miranda, as contribuições ao Plano não se encerram na aprovação do documento final elaborado pela empresa contratada (o que deve ocorrer no início de setembro, em Plenária do CBHSf). “É importante que a Academia participe desse debate e contribua, unindo conhecimentos e conversando de igual para igual com as outras inteligências”, destacou, referindo-se ao conhecimento dos povos da bacia, dos consultores e dos órgãos de gestão.
Assessoria de Comunicação do CBHSF
1 comentário
08 de Jun / 2016 às 16h00
Quem nasceu e se criou nas margens do Rio São Francisco, dar para perceber a diferença dos tempos de outrora, para os tempos atuais. Eu sou barranqueiro de nascimento, a calha do rio era funda, existia dois canais percorridos pelas embarcações que navegavam no rio, a exemplo dos vapores gaiolas, das barcas a motores e dos batelhões a vela e a remo, dificilmente encalhavam, já que a fundura do rio era suficiente, mesmo no tempo do rio seco, mas os canais continuavam fundos, hoje, o rio ficou mais largo e ficou mais raso, me refiro ao percurso de Pilão Arcado a Xique Xique, barca de pequeno calado encalhando constantemente, dar a entender que rio está precisando de uma dragagem competente nesse percurso, e nada estar sendo feito, só reunião e mais reunião, sem nada resolver. A revitalização do rio seria uma viabilidade real, se o País tivesse recurso para fazer, mas preferiram fazer a transposição, uma obra de difícil manutenção e fiscalização, já que as calhas de concretos são feitas a céu aberto, sem nenhuma cobertura, correndo o risco de todo tipo de problema, como: animais morto dentro da calha, ou algum espírito-de-porco, colocar dentro da calha onde passa ás águas, algum produto nocivo a saúde das pessoas de dos animais. É preciso fiscalização dessa obra. Será que vai ter? Eu não acredito. Essa obra de transposição, com o correr do tempo, vai se transformar em um elefante branco. Tomara que eu esteja errado no meu pessimismo. Depois da LAVA JATO, eu não acredito em mais nada dito por políticos brasileiros. Eles só pensam nas gordas comissões dadas pelas Empreiteiras das Obras.