Caberá ao roraimense Abel Mesquita Jr (DEM-RR), mais conhecido como Abel Galinha, o primeiro voto da sessão histórica que decidirá o posicionamento da Câmara dos Deputados sobre o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, neste domingo 17. A definição foi feita a partir do entendimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de que pelo regimento a votação deverá intercalar parlamentares do norte e do sul, sendo Roraima o escolhido para iniciar e Abel Galinha, o primeiro da ordem alfabética.
"O destino me trouxe para cá. Era vereador e virei deputado federal. Sou uma pessoa comum, humilde, e farei meu voto com serenidade", diz o empresário, que é dono de uma rede de postos de gasolina que leva seu nome, em Roraima. "A expectativa é sem dúvida muito grande, mas meu voto será uma homenagem ao povo brasileiro e em especial ao roraimense, que é majoritariamente favorável ao impeachment", antecipa o deputado, coordenador da bancada estadual. Ponderado, ele evita fazer projeções sobre um eventual placar. "É uma coisa muito pessoal, cada um tem que proferir seu voto de acordo com as convicções políticas. O que posso dizer é que, de um jeito ou de outro, continuarei trabalhando pelo Brasil", afirma.
Recém-saído do PDT e com uma passagem relâmpago pelo Partido da Mulher Brasileira (PMB), Abel Galinha optou por filiar-se ao DEM, partido do qual assumiu a presidência do diretório estadual, em meio à janela eleitoral. Na Câmara, entretanto, há tempos adota uma postura de enfrentamento ao governo, sobretudo em pautas como demarcação de terras e política indigenista - alvo de intensos conflitos em Roraima, estado conhecido pela reserva indígena Raposa Serra do Sol. É membro titular da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga supostas irregularidades na Fundação Nacional do Índio (Funai) e no Instituto Nacional da Reforma Agrária (Incra) e integra, entre outras, a Comissão Especial que analisa a polêmica PEC 215, que transfere do Executivo para o Legislativo a prerrogativa da demarcação de terras indígenas e quilombolas.
"Meu estado é o mais apenado pelo governo federal. 46% da nossa área são de reserva indígena e mais 32% têm restrições legais, por preservação ambiental. É um estado que foi totalmente inviabilizado pelo governo federal. O governo realmente não se interessa pelas nossas questões", desabafa o parlamentar. Entre outras coisas, ele critica o fato de que o abastecimento energético local vem da Venezuela. "Não é justo ser o único estado desligado da rede de energia nacional. Essa energia que vem da Venezuela não tem um pingo de credibilidade e a todo momento é cortada", reclama.
Abel diz que, em outras ocasiões, apresentou suas reivindicações ao governo, sobretudo ao Ministério do Meio Ambiente e da Justiça, mas nada foi atendido. "Ainda não tive a oportunidade de conversar com o vice-presidente, Michel Temer, mas faremos isso. O que estamos tentando, agora, é viabilizar a libertação de Roraima, além de nos libertarmos da dependência desse contracheque do governo federal. Hoje nossa produção é limitada por conta disso tudo", explica o deputado que, todavia, diz que não pretende rever demarcações já realizadas. "Se está demarcado, já está demarcado. Temos que olhar para a frente."
ISTO É
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