Na manhã desta sexta-feira (01), cerca de 500 pescadores e pescadoras artesanais dos diversos estados que compõem a Bacia do São Francisco saíram em caminhada da praça da catedral de Juazeiro (BA) até a Ilha do Fogo, na divisa com Petrolina (PE), onde permanecem até o próximo domingo (03). As/os ribeirinhos participam de um Congresso que traz como tema “Grito do Rio e seu Povo na busca do Bem Viver!”.
A abertura do Congresso foi um momento para chamar atenção da população local para a luta dos/das pescadores/as, o que não se desvincula da defesa do Rio São Francisco. Com discursos, faixas, gritos de ordem e música, as/os militantes expressaram suas angústias, reivindicações e conquistas. Para o pescador Geraldo Dias, de Casa Nova (BA), é importante receber aqui na região companheiros/as de outros estados que, segundo ele, estão sofrendo as mesmas dificuldades devido a degradação do rio. Segundo o pescador, que é conhecido como Geraldo Cari, o grito dos/das pescadores/as do Vale do São Francisco é pra que “acabasse com os agrotóxicos, acabasse com os esgotos que caem no nosso rio, acabasse com a baixa do Lago de Sobradinho, que tá tirando todo sustento nosso”.
O objetivo central do evento, segundo a Irmã Neusa Francisca, membro do CPP, é discutir os problemas, mas definir também “estratégias de encaminhamentos pra ver quais são as saídas que as comunidades pesqueiras organizadas podem buscar juntas buscando solução para os problemas que aqui estão sendo levantados”. A Irmã acompanha as/os pescadores no Alto São Francisco, a exemplo de Buritizeiro (MG), e relata que empreendimentos como mineradoras e hidrelétricas, além da ação de fazendeiros vem impactando a pesca artesanal e até expulsando estas comunidades tradicionais de seus territórios.
“Nós sabemos que tem um causador de tudo isso, é a ganância para ganhar muito dinheiro, isto não é justo, porque estão tirando do povo pobre, o povo de Deus, pra levar pros grandes, isso é injusto”, desabafa Geraldo Cari, reafirmando que o Congresso é um espaço para refletir essa realidade, bem como somar esforços na defesa da vida do Rio São Francisco. “Por acaso se acontecer a morte do Velho Chico, o que será do nosso país? Por isso a gente tá numa luta e é muito importante essa participação de todos os estados”, reforça.
O evento segue com mesas de discussão, ranchos temáticos, místicas, apresentações culturais. Diversas temáticas estão em debate, a exemplo da gestão e sustentabilidade da pesca artesanal, vazão ecológica e os grandes projetos no São Francisco, Revitalização proposta pelo governo X Revitalização Popular, Soberania Alimentar, Agroecologia, Mudanças Climáticas, Educação Contextualizada, etc. O encerramento acontece na manhã de domingo com apresentação de Síntese do Diagnóstico e das Perspectivas e com uma celebração final.
Comunicação Irpaa
1 comentário
02 de Apr / 2016 às 13h42
Vejam só o cartaz que diz: Ilha do fogo - Petrolina - Pe. Deve ter sido feito por algum organizador do congresso. Lembrem-se vocês que o exército brasileiro, do batalhão do 72 bi, tomou aquela ilha para si e expulsou banhistas e pescadores que utilizam aquele balneário. Foi preciso uma grande luta, aqui do povo de Juazeiro para tomá-la de volta para os banhistas. O 72 bi, sediado em Petrolina, pressionado pelos pescadores e organizações o entregaram a Prefeitura de Petrolina, a ilha é federal, da União, a SPU tirou do exército ( o qual tinha dado) e entregou a prefeitura de Petrolina certamente para provocar as pessoas aqui de Juazeiro. Veja que foram muitas manifestações de gente aqui de Juazeiro que protestaram ficando de costas para o exército no 7 de setembro e quase perderam a vida em protestos para liberar a ilha, onde o exército repelia utilizando força militar, fazendo ameaças, com armas de pesado calibre e bombas de gás lacrimogênio (coisa inédita nas duas cidades). Agora vemos essas faixas, ilha do fogo - petrolina-pe, e eles vem para cá. Eu acho que o povo de Juazeiro deveria ser mais respeitados por essas pessoas, queremos viver em paz no nosso Estado, e gozar do nosso direito de utilizar a parte do rio que nos cabe e de não ermos roubados em nosso direito e nossa dignidade.