Tradicional evento popular cearense realizado em Quixadá, no Sertão Central, o Encontro dos Profetas da Chuva sempre reúne a sabedoria do homem do campo e enaltece a cultura local. No entanto, para que cada estudioso chegue à sua conclusão, são necessários meses de estudo.
Desde o mês de julho foi dado início à fase de observação da natureza por parte dos profetas que visam participar da 29ª edição do evento, em 2025.
Realizado no segundo sábado de janeiro de cada ano, o evento conta com dezenas de homens e mulheres que apresentam diagnósticos sobre o que pode ser esperado da quadra chuvosa. Entre as figuras mais tradicionais, o senhor Erasmo Barreira, que participou de todas as edições do encontro.
Aos 76 anos de idade, Erasmo atua há 28 anos como profeta da chuva, tradição que herdou através dos ensinamentos de seu pai. Em entrevista à REDE ANC em janeiro deste ano, Erasmo Barreira havia adiantado que a quadra chuvosa seria melhor do que a registrada em 2023. A título de contexto, o balanço de chuvas entre fevereiro e maio deste ano terminou acima da média no Ceará, com o acumulado de 764 milímetros, superando os 643,3 milímetros de 2023.
“Eu fico feliz e me sinto um privilegiado. Deus me abençoou e deu mais ou menos certo o que eu falei com base nas minhas observações. Eu disse que o inverno desse ano seria melhor do que o do ano passado. Foi, e muito. A experiência nos mostrou que o inverno iria começar no dia 20 de fevereiro, e chegou até um pouco antes desse dia”, destacou.
Perguntado sobre a quadra chuvosa do ano 2025, Erasmo afirmou que irá observar o comportamento de aves, formigas, abelhas e algumas árvores. Segundo o profeta, os estudos serão fechados no mês de dezembro.
“Tudo é a natureza que explica para a gente. O Pau D’Arco vai começar a florar. Em setembro será a vez do pé de Aroeira. Encerro as experiência em dezembro, vendo o feijão brabo e as formigas de roça. Tenho que fazer esse e outros apanhados”, detalhou.
Quem também estuda para apresentar os seus prognósticos é o agricultor Antônio Gomes. Apesar de ser participante assíduo do evento em Quixadá, o profeta analisa o comportamento da natureza em Maranguape, município em que reside. “Eu observo a Tanajura e a formação do ninho de algumas aves. Pelo que vi no ano passado, alguns pássaros fizeram o ninho no formato ao contrário. Isso acontece quando ele quer proteger o filhote da chuva. Então é um bom sinal”, detalha.
Ainda sobre o Encontro dos Profetas, a realização inspirou a criação de eventos semelhantes em outras regiões. Sempre um sábado após a reunião dos profetas em Quixadá, acontece o Encontro dos Profetas da Chuva na Região do Maciço de Baturité. Neste ano, o evento foi sediado na cidade de Aratuba.
Em Quixadá, a culminância do evento sempre é realizada em junho, quando os profetas se reúnem para a realização da Festa da Colheita.
redegn com informações Anc Foto: José Bessa/REDE ANC
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