Sanfoneiro Mestrinho e Mariana Aydar vencem Grammy Latino de Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa

O Grammy Latino 2024 teve um sabor especial para o forró e a cultura brasileira,  música de raízes nordestinas. O músico sergipano Mestrinho venceu, na quinta-feira (14), o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa ao lado de Mariana Aydar. Após a vitória, ele declarou:

“Obrigado a todos, aos amigos. Muito feliz de ver tantos amigos reunidos. Obrigado a todos que concorreram com a gente também”, disse o sergipano quando estava no palco da premiação.

O disco 'Mariana e Mestrinho' venceu a disputa com outros artistas brasileiros, como João Gomes e Marcelo Jeneci.

Mestrinho se apresentou no último Rock in Rio. Ele foi o primeiro sanfoneiro a realizar um show solo no festival, que é considerado um dos maiores do mundo. Reconhecido como um dos mais talentosos sanfoneiros do país, ele é da cidade de Itabaiana, Sergipe filho do sanfoneiro Erivaldo de Carira, com quem aprendeu, ainda criança, a tocar o instrumento.

Ano passado a REDEGN destacou que uma amizade que dura há dez anos, que começou nos últimos momentos de vida de Dominguinhos, a cantora e compositora Mariana Aydar e o sanfoneiro Mestrinho lançaram, nas plataformas de música, o primeiro álbum da parceria,  “Mariana e Mestrinho”, produzido por Tó Brandileone (5 a Seco), reunindo um repertório completamente inédito e clássicos do forró.

O repertório buscou equilíbrio entre reverenciar a história do forró pé de serra e criar novos clássicos, ou seja, trazer canções inéditas que pudessem animar futuras pistas de dança. Mais do que isso, Mariana quis colaborar com a amplificação de um discurso feminino no forró, um ambiente predominantemente machista.

Era preciso, portanto, gravar novas canções que trouxessem a mulher para o centro da narrativa, como personagem principal, e não mais como coadjuvante da narrativa masculina. Nessa intenção, compôs “Boy Lixo” (Mariana Aydar/ Fernando Procópio/ Tinho Brito) e ganhou “Alavantu Anahiê” (Isabela Moraes/ PC Silva). Essa última, traz as vozes de Isabela Moraes e de Juliana Linhares, que se juntam a Mariana em participações especiais.

Zeca Baleiro enviou a lírica “Dádiva”, escrita especialmente para este álbum. E o próprio Mestrinho escreveu “Eu Vou”. Quem divide os vocais com Mariana e Mestrinho em “Até o Fim” (Mestrinho) é Gilberto Gil, outro nome fundamental para a quebra de fronteiras entre o forró e toda a música brasileira.

Do repertório clássico do forró, Mariana e Mestrinho reagravam “O Filho do Dono”, sucesso do pernambucano de Caruaru Petrúcio Amorim, de viés político, social e ambiental. Uma pérola mais conhecida na cena forrozeira do que em outros ambientes. E a romântica “Ninguém Segura o Nosso Amor” (João Silva/ Iranilson), gravada por Mestre Zinho nos anos 1990.

Um dado pessoal: João Silva já foi padrasto de Mestrinho e também é autor de “Preciso do seu Sorriso” (João Silva/ Enok Virgulino), que entra no álbum como uma das homenagens a Dominguinhos. As outras regravações do repertório do mestre que uniu musicalmente Mariana Aydar e Mestrinho são “Te Faço um Cafuné” (Zezum), gravada por Dominguinhos no álbum “Isso Aqui Tá Bom Demais” (1985), e “Cheguei pra Ficar” (Dominguinhos/ Anastácia), obra-prima lançada pelo autor no cultuado LP “Domingo Menino Dominguinhos” (1976).

Mestrinho toca acordeon em todas as faixas de “Mariana e Mestrinho”. Completam o time de músicos do álbum os craques Feeh Silva (zabumba e triângulo), Salomão Soares (piano), Fejuca (violão e cavaco), Federico Puppi (violoncelo), Will Bone (sopros), Rafa Moraes (guitarra) e Léo Rodrigues (percussão). Multi-instrumentista, o produtor musical Tó Brandileone tocou violões, guitarras, baixos, sintetizadores e percussões por todo o álbum.

 

redegn Foto redes sociais Foto dilvugação