Um homem de 47 anos morreu após ser baleado por um policial militar em uma rua de Belém do São Francisco, no Sertão de Pernambuco. Imagens enviadas à TV Globo mostram o momento em que o PM, persegue Lázaro Maciel Soares da Silva e dispara seis tiros contra a vítima.
Segundo a família, Lázaro trabalhava como motorista autônomo e foi morto após denunciar o militar na delegacia da cidade por invadir sua chácara e ameaçá-lo com disparos de arma de fogo durante uma discussão horas antes do crime. Os dois haviam brigado porque Lázaro não aprovava o relacionamento do PM com uma de suas filhas, conforme testemunhas.
O crime aconteceu na noite do sábado (7), por volta das 20h, em frente a uma praça, na Rua Antônio Teodósio, no Centro da cidade. A vítima foi levada a uma unidade de saúde no município e chegou a ser transferida para um hospital em Salgueiro, também no Sertão do estado, mas não resistiu aos ferimentos.
Nas imagens, é possível ver o policial armado discutindo com a filha de Lázaro na frente do carro onde estavam a vítima e alguns parentes. Familiares, então, descem do veículo. Um homem de camisa preta se junta à jovem para tentar conter o PM, que dá um tiro, sem acertar ninguém.
O atirador empurra a jovem, que discutia com ele, no chão. Em meio à confusão, uma mulher que gravava a discussão grita várias vezes: "Vou filmar". Em seguida, começa uma correria e, quando o motorista chega ao bar na esquina, é baleado, caindo no chão.
Em entrevista ao g1, uma parente da vítima que estava no local no momento do crime e pediu para não ser identificada disse que Lázaro foi baleado na barriga, nas costas e nos ombros.
"Ele botava a mão na barriga para dizer que estava doendo muito. Vi sangue saindo da boca dele. [...] Até o meio do caminho [para o hospital de Salgueiro], ele estava com vida, o médico informou. Quando saiu do carro, já tinha perdido o pulso. Tentaram reanimar, ele voltou, mas depois o pulso 'sumiu'", contou a testemunha.
O atirador, que não teve a idade divulgada, fugiu após o crime. "Ele [o policial] saiu em cima de uma moto com alguém, que já estava esperando para a fuga. Ele deixou o carro dele abandonado na avenida. E, de manhã, vi o carro [do atirador] na delegacia", disse a testemunha.
Segundo a testemunha, no dia do crime, a família estava reunida na chácara de Lázaro, na zona rural de Belém do São Francisco, quando, por volta das 17h, o militar invadiu a propriedade com outros dois homens. O policial manteve o relacionamento com a filha do motorista pelos últimos dois anos, de acordo com a parente.
"Ele controlava ela como se fosse boneca. Proibia de sair com a própria irmã, com os amigos. E a gente sempre ficava com medo porque ele poderia chegar no local e atirar em todo mundo. Em qualquer lugar, ele atira para cima e ninguém fala nada. Parece que todos ficam com medo quando se trata de um policial", afirmou a testemunha.
A parente também disse que Lázaro pediu para eles irem embora, e os três homens retornaram ao carro, deixando o local. Minutos depois, o trio teria aproveitado que a irmã do motorista estava entrando na propriedade para invadir a chácara novamente.
"Ele [Lázaro] foi falar alto: 'Saia da minha propriedade agora'. Aí ele [Gercino] começou a levantar a voz. Parecia que estava cheio de droga ou de álcool, estava muito agressivo. Estava tão bêbado que, pegou na pistola para ameaçar Lázaro de morte, a pistola caiu da mão dele e caiu nos pés da mulher dele [da vítima]", contou.
De acordo com a testemunha, amigos da vítima trancaram o motorista dentro de casa para evitar uma confusão maior, e o policial deu três tiros para cima e saiu da chácara.
"A gente não ficou mais em paz porque não sabia se ele ia voltar e matar todo mundo. A gente ficou com medo. Arrumamos nossas coisas e fomos para a delegacia de Belém [do São Francisco] fazer um boletim de ocorrência", declarou.
Depois de registrar a queixa, a parente disse que Germino estava na distribuidora de bebidas de um primo dele quando viu a família saindo da delegacia.
"Ele deu ré no carro dele e começou a seguir a gente. E ele queria, de toda forma, ultrapassar para pegar de frente. Ia matar todo mundo. Lázaro entra numa rua, ele vai na contramão e acaba jogando o carro por cima do meio-fio. Lázaro pensou em ir para a praça porque tinha muita gente. [...] Parou na praça e ele [o policial] parou atrás. E daí ele desceu tirando a arma da cintura", recordou a testemunha.
A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) informou que tomou conhecimento do ocorrido e vai abrir um processo disciplinar contra o PM.
A Polícia Civil afirmou que abriu um inquérito para investigar o caso. Já a Polícia Militar disse que a 1ª Companhia Independente da corporação foi acionada e segue com as buscas para localizar o militar que cometeu o crime.
g1 petrolina Foto Reprodução
1 comentário
09 de Sep / 2024 às 07h32
Isso é grave, tem sido recorrente essa atitude, o Brasil não pode está inserindo pessoas com esse comportamento em órgãos de segurança. A contratação embora seja por meio de concurso, mas a seleção precisa urgentemente ser muito mais rigorosa. E a punição também deve ser pena dobrada porque se trata de agente público.