Diversas regiões enfrentam redução de umidade do ar com índices por vezes ao redor de 20% o que é muito prejudicial à saúde

Diversas regiões enfrentam redução significativa de umidade com índices por vezes ao redor de 20% o que é muito prejudicial à saúde. A perspectiva climática para os próximos meses segue instável.

O professor Pedro Luiz Côrtes, titular da Escola de Comunicações e Artes e do Instituto de Energia e Ambiente da USP, analisa a situação.

O professor explica que estamos em um momento de transição entre tendências, o que pode influenciar o clima de forma significativa. “Algo que é uma parte disso são as mudanças climáticas geradas pelo homem que realmente têm alterado o padrão do clima em todo o Brasil há pelo menos 25 anos. Essas manifestações vêm ocorrendo com maior intensidade. Mas também estamos passando por um período de transição, porque o El Niño acabou no final do semestre passado e nós estamos esperando o início do La Niña. Essa fase de neutralidade entre o El Niño e o La Niña pode dar a falsa impressão, por causa do termo neutralidade, que o clima se comportaria muitíssimo bem, mas na verdade não é assim. Quando falamos em neutralidade é quando o clima fica bem bagunçado. Porque nós temos o final de um processo início do outro, então, nós temos, por exemplo, a manifestação de uma seca muito intensa na Amazônia. Isso é reflexo normalmente de um El Niño, mas essa intensidade vem crescendo em função das mudanças climáticas.”

Seca na Amazônia-O professor chama atenção para a seca na Amazônia. “As secas na Amazônia vêm se tornando cada vez mais intensas. É normal que nós tenhamos durante o ano um período com redução do volume de chuvas na Amazônia, mas não é normal que a gente tenha os rios com volume tão baixo quanto a gente tem verificado. Agora, não só este ano, mas também em anos anteriores, nós verificamos essa situação mais preocupante. Ou seja, uma seca muito pronunciada. As chuvas hoje na região Amazônica estão se concentrando no extremo norte do País, mas a região central está muito prejudicada, o que é muito preocupante”, alerta.

Quanto ao clima, o professor indica que nós temos uma tendência de temperaturas acima da média até o final do ano. “Essa temperatura deve arrefecer um pouco no norte à medida que as chuvas forem retornando. Nós vamos ter temperaturas um pouco abaixo ou dentro da média na região amazônica quando essas chuvas chegarem. Vamos ter temperaturas um pouco abaixo da média na região Sul, o que é característico do La Niña, nós temos estiagem na região Sul, ou seja, redução das chuvas, e aumento das chuvas na região Norte.”

Jornal da Usp Foto Ilustrativa