Artigo: Biliu (De Campina; Do Pandeiro) e o Fole...

Vez por outra conversava com Biliu nas adjacências do Café Aurora da Praça da bandeira em Campina Grande, Paraíba.

Por vezes afável. Por, muitas vezes, arisco.

Nos seus momentos ariscos, sempre comentava sobre "movimentadores" que se diziam culturais e sobre os rumos que o verdadeiro forró (movimento) estava tomando.

Mas, uma vez, o nosso encontro não foi na Praça da Bandeira.
Na verdade, não posso caracterizar como um encontro.

Explico! Na Rua Rui Barbosa no pequeno trecho entre a  Avenida Floriano Peixoto e a  Rua 13 de maio, existe um cidadão de nome bem diferente (Beremiz) e que hoje se ocupa em produzir belas peças em madeira voltadas para o uso em plantas e o embelezamento de casas e jardins. Vende também algumas plantas e vasos.

Mas no passado, vez por outra ele vendia algumas peças antigas. Passando por lá, certa vez, eu vi para vender um fole de oito baixos antigo, marca Veado. 

É uma bela peça e muito cobiçada. Perguntei pelo preço e me foi dita uma quantia "X".  Já era um valor acessível. mas como tenho o habito de pechichar, ou pirangar como queiram, comecei uma tentativa de redução do  valor.
Houve um certo desconto. Mas insisti em um pouco mais.

Foi aí que o vendedor disse:  - Quem está interessado neste fole é Biliu.

Ao dizer isto, ele estava de costas para a Rui Barbosa e eu de frente. Foi aí que, coincidentemente, vejo dobrar a esquina da Floriano com a Rui Barbosa, vindo da Praça da Bandeira, Biliu!!! Como o vendedor não o viu e como já tinha havido uma boa redução no preço, imediatamente eu disse:

-Tá comprado!

Pois é! Cometi este ato de possível traição a Biliu. Mas ao chegar, em vez de dar uma bronca ele ficou contente por ter sido eu o comprador. Possivelmente por me ter, como expressou uma vez, como um também combatente da cultura e do forró.

Hoje este fole está aos cuidados de Roosevelt Fernandes, lá no Gibão de Cor, na Vila do Artesão. Forma um acervo junto com um fole Beija-Flor que pertenceu ao eterno poeta e xilogravurista Antonio Lucena e com uma sanfona Hering de 80 baixos.
Só sei que foi assim!

Daniel Duarte - Professor