Acidentes com crianças e adolescentes na Bahia crescem 7% em 2023, aponta levantamento da Aldeias Infantis SOS

Um levantamento exclusivo realizado pela Aldeias Infantis SOS, organização global que lidera o maior movimento de cuidado do mundo, mostra que, em 2023, os acidentes envolvendo crianças e adolescentes no Estado da Bahia cresceram 7% na comparação com o ano anterior.

No total, foram registradas 8.520 internações causadas por lesões não intencionais, entre as faixas etárias de 0 a 14 anos, contra 7.927 registros em 2022.

O estudo, elaborado com dados do DataSUS, é desenvolvido pelo Instituto Bem Cuidar, programa de gestão de conhecimento da Aldeias Infantis SOS, que analisou oito categorias de causas de acidentes. Destas, cinco apontaram crescimento, a saber, incidentes com afogamento (+50%), queimadura (+5%), sufocação (+9%), quedas (+6%) e sinistros de trânsito (+7%). Por outro lado, entre as causas devidamente categorizadas, houve queda em casos de intoxicação (-8%) e armas de fogo (-4%).

"Os casos de quedas e queimadura somam mais de 70% de todos os acidentes envolvendo jovens baianos em 2023. Os dois dados seguem uma tendência observada em levantamento nacional, que aponta essas categorias como as principais causadoras de lesões não intencionais em crianças e adolescentes de todo o país, somando 64% dos casos registrados no Brasil", explica Erika Tonelli, especialista em Entornos Seguros e Protetores da Aldeias Infantis SOS.

As hospitalizações por conta de acidentes envolvendo quedas somaram 4.590 casos, enquanto as internações em razão de queimadura totalizaram 1.433 registros. Sinistros de trânsito também ganharam destaque no levantamento, somando 708 casos, ou 8% do total.

As crianças e adolescentes que mais sofreram hospitalizações por causa de acidentes, em 2023, tinham de 10 a 14 anos (3.306), e houve um salto de 11% nas ocorrências dessa faixa etária em relação a 2022. Segundo o levantamento da Organização, a maior variação no registro de acidentes locais, de um ano para o outro, foi entre crianças dessa faixa etária. Já os de 5 a 9 anos foram vítimas em 2.780 casos, após um aumento de 4% em relação ao ano anterior.

A pesquisa também mostra que, em 2023, foram 2.138 hospitalizações de crianças entre 1 e 4 anos envolvidas em acidentes, representando um aumento de 9% em relação a 2022. Os menores de 1 ano, por sua vez, estiveram envolvidos em 296 ocorrências – uma queda de - 5% em relação ao ano anterior.

"O período que compreende os 5 aos 14 anos é de maior autonomia e circulação pelos espaços comunitários e, na população que apresenta maior vulnerabilidade social, meninos e meninas dessa faixa etária são, muitas vezes, responsáveis pelo cuidado de irmãos e irmãs menores, fato este que os deixa mais propensos a acidentes. Deve-se atentar à necessidade de campanhas de conscientização da população sobre medidas de prevenção de acidentes também nessas faixas etárias", finaliza a especialista.

Mortes por acidentes

Entre 2021 e 2022, o levantamento observou um aumento de 2% no número de mortes de crianças e adolescentes causadas por acidentes, passando de 189 para 193 vítimas. O maior número de óbitos se deu entre a faixa etária de 1 e 4 anos (31%). E, a exemplo de 2021, a principal causa de mortes em 2022 foi por afogamento, responsável por 66 casos (34%), contra 62 do ano anterior.

Brasil

No Brasil, o levantamento da Aldeias Infantis SOS mostra que os acidentes de crianças e adolescentes cresceram quase 8% na comparação com o ano anterior, sendo o maior número desde 2019, período pré-pandemia. Em 2023, foram 119.245 internações causadas por lesões não intencionais, entre as faixas etárias de 0 a 14 anos, contra 109.988 registros em 2022.

Segundo cálculo da Organização, a cada hora, cerca de 13 crianças são internadas por lesões não intencionais, sendo que 90% dos acidentes poderiam ser evitados por meio de ações simples de prevenção e cuidado qualificado.

No que se refere a óbitos, entre 2021 e 2022, o levantamento observou uma queda de 1% no número de mortes de crianças e adolescentes causadas por acidentes, passando de 3.275 para 3.237. O maior número de óbitos se deu entre crianças de 1 a 4 anos (31%). A principal causa foi sufocação, responsável por 986 casos, sendo que, desse total, 765 (77%) envolveram menores de 1 ano.

Ainda de acordo com a Aldeias Infantis SOS, os dados indicam que nove crianças morrem todos os dias por causas de acidentes que poderiam ser evitados em 90% dos casos.

Sobre o Instituto Bem Cuidar

O Instituto Bem Cuidar (IBC) é um programa das Aldeias Infantis SOS responsável pela gestão de conhecimento e que tem o compromisso realizar consultorias, assessorias, diagnósticos e pesquisas, para a própria organização ou ainda atender demandas de conselhos, governos ou empresas.

O instituto promove a proteção e o cuidado de qualidade à infância e juventude por meio da produção, promoção e distribuição de conteúdo digital educativo, além de favorecer a troca de experiências, o aprimoramento e a difusão de boas práticas de cuidado de crianças e adolescentes, por meio de ações formativas, sistematização e produção de conteúdo.

Além disso, o Instituto Bem Cuidar dissemina práticas de prevenção de acidentes por meio do Projeto Criança Segura, que apresenta anualmente, entre outros resultados, as estatísticas sobre os principais fatores que levam a internação de crianças e adolescentes.

Sobre a Aldeias Infantis SOS

A Aldeias Infantis SOS (SOS Children's Villages) é uma organização global, de incidência local, que atua no cuidado e proteção de crianças, adolescentes, jovens e suas famílias. A Organização lidera o maior movimento de cuidado do mundo e atua junto a meninos e meninas que perderam o cuidado parental ou estão em risco de perdê-lo, além de desenvolver ações humanitárias.

Fundada na Áustria, em 1949, está presente em mais de 130 países. No Brasil, atua há 57 anos e mantém mais de 80 projetos, em cerca de 30 localidades de Norte ao Sul do país. Ao trabalhar junto com famílias em risco de se separar e fornecer cuidados alternativos para crianças e jovens que perderam o cuidado parental, a Aldeias Infantis SOS luta para que nenhuma criança cresça sozinha.

Ascom