Xand Avião: a valorização de Luiz Gonzaga, a poesia musicada dos festejos juninos

Sempre pauto o jornalismo, que para mim é a arte de contar histórias, quando o assunto é festejos juninos que "identidade cultural no mundo globalizado é fator de atração turística, cidadania, desenvolvimento econômico e social".

Quem gosta de uma boa festa junina, costuma apreciar todos os ingredientes que fazem parte dessa celebração, como as comidas típicas e a música.

O forró, ritmo que já existia há muito, mas surgiu no meio urbano e na mídia nos anos anos 40, com Luiz Gonzaga é com certeza o principal som tocado nesta época do ano. 

Nestes tempos difíceis para quem defende a Cultura de Luiz Gonzaga uma cena chama a atenção: Xand Avião, um dos lideres  líderes de audiência nas principais plataformas de música na internet e um nome certo em todas as programações dos maiores eventos no Brasil. Xand disse que "forró, xote e baião é fonte gonzagueana do maior patrimônio cultural brasileiro, as criações de Luiz Gonzaga e seus parceiros".

Meu celular recebeu centenas de mensagens, entre estes minha filha Mariana, empresários Italo Lino (Petrolina) e Jadiel Santos (Belo Jardim), José Silva-Campina Grande: Ney Vital, o Xand tem valorizado Luiz Gonzaga, abre o show com uma camisa imagem Luiz Gonzaga e o melhor "canta para os casais dançarem, agarradinhos", tem sanfona, e abre o espetáculo com a Música a Morte do Vaqueiro.

Nesse sentido, Xand consolida o nome de Luiz Gonzaga nos principais acontecimentos culturais desse período junino. Xand usa sua voz e firma a identidade da cultura gonzagueana, soltando o verbo e dizendo ser a arte de Luiz Gonzaga, genial e até hoje revolucionária e que sempre, ele, Luiz Gonzaga, merece todas as homenagens.

Gratidão a Você Xand. Balançando aqui na minha rede, imaginei Você, certamente ouvindo pela Rádio de Caicó, Rio Grande do Norte, lá do seu pé de serra e sonhos, os sucessos de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Trio Nordestino, e seu conterrãneo Elino Julião. Dos tempos que Você morou em Exu, ouvindo os aboiadores, vaqueiros e tocadores de Pife, trouxe a ousadia de ser vencedor.

Nestes tempos que ao longo dos últimos 30 anos tratam a cultura como um aspecto espetacular e show, dirigido a um determinado mercado cultural, senti necessidade de provocar essa reflexão, visto que Você, Xand, despertou mais uma vez os jovens para a vida e obra de Luiz Gonzaga, trouxe para os palcos das grandes festas, o novo sempre eternamente presente Luiz Gonzaga.

O pesquisador e professor do Conservatório Pernambucano de Música e da pós-graduação em música da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Climério de Oliveira, diz que muita gente crê que o que difere o forró eletrônico do pé-de-serra é o uso de instrumentos eletrônicos como a guitarra, mas isso já havia sido feito por Luiz Gonzaga, um dos criadores do forró como ritmo midiático e urbano".

"Vários elementos os diferenciam: a temática das letras, o modo de fazer a melodia, a interpretação, a ênfase em certos símbolos, e também a ousadia dos empresários e bandas de forró eletrônico”, afirma o pesquisador.

“O forró pé-de-serra canta de tudo, mas numa linguagem baseada no Sertão do Nordeste. Canta a vida do nordestino; usa qualquer instrumento, mas enfatiza a sanfona, o fole de 8 baixos, a rabeca, o pífano, a zabumba, o agogô, o triângulo; os ritmos principais são baião, xote, marchinha, xaxado, forró e coco””, explica Climério de Oliveira.  Este é o principal e mais tradicional estilo do forró, surgido nos anos 1940, a partir da festa chamada como “forrobodó”.

Ainda de acordo com pesquisador, o crescimento desse ritmo causou um atrito entre os forrozeiros que seguiam a cartilha de Luiz Gonzaga, e as bandas de forró, que praticamente monopolizaam a programação das rádios e o mercado de forró.

“A verdade é que o sucesso dessas bandas ameaçava o espaço e os valores tradicionais do pé-de-serra e isso fez com que os próprios músicos da vertente tradicional reagissem e dissessem que ‘o forró eletrônico não é forró, que veio para estragar o forró. Nós, inseridos no tradicional forró, nos manifestamos contra a novidade”, diz o músico e pesquisador.

"Entretanto, é hora de não apenas reclamar, mas também de construirmos nossos espaços, nossos festivais, nossas rádios", finaliza Climério.

Portanto é iso, ousadia foi o que não faltou a José Alexandre da Silva Filho (conhecido como Xand Avião), o Comandante do Forró.

Assim ouvi  e aqui reproduzo. No mês de Julho, no Crato Ceará, vou assistir o espetáculo de ousadia, chamado Xand Avião.

Ney Vital jornalista-Colaborador REDGN é pesquisador da Cultura e Música Brasileira

Redação redegn Foto Alexandre Justino/PMP