De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Rede Brasileira de Estudos sobre Hipertensão na Gravidez (RBEHG), 80 mil mortes maternas e 500 mil mortes de fetos ocorrem anualmente, em todo o mundo, decorrentes de doenças hipertensivas na gravidez. Os números são alarmantes e podem ser explicados pela principal causa: a pré-eclâmpsia, doença potencialmente perigosa caracterizada pela pressão arterial elevada (acima de 140/90 mmHg) após a 20ª semana de gestação.
Ainda segundo os dados, estima-se que a doença atinja cerca de 1,5% das gestantes no Brasil, com a prevalência e a mortalidade materna variando de acordo com as condições socioeconômicas da população. Essa doença pode acontecer em qualquer gestação durante a segunda metade da gravidez e com duração dos sintomas até seis meses após o parto.
De acordo com a tocoginecologista e coordenadora do Centro de Simulação (CSim) da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS), Brena Melo, além da pressão arterial alta, os sintomas incluem cefaleia (dor de cabeça persistente), inchaço repentino, principalmente nas mãos e no rosto, visão turva ou sensibilidade à luz, náuseas ou vômitos frequentes, dor abdominal superior, falta de ar e diminuição da produção de urina. "Todos esses sintomas podem causar consequências tanto para a mãe quanto para o bebê, sendo possível evoluir para a eclâmpsia, quando acontecem episódios de convulsões em repetição, sendo fatal se não for tratada adequadamente", explica.
"Além disso, pode ocorrer o descolamento prematuro da placenta, sangramentos, edema no pulmão, insuficiência no fígado e rins ou o nascimento prematuro do bebê. Há ainda as consequências a longo prazo na saúde vascular, como o aumento de 4x na incidência futura de insuficiência cardíaca e risco 2x maior de doença coronariana e acidente vascular cerebral (AVC)", acrescenta a especialista. Por isso, identificar a pré-eclâmpsia o mais cedo possível é fundamental para a garantia da saúde de mãe e filho.
Nos dias 22 de maio e 28 de maio, comemora-se, respectivamente, o Dia Mundial de Prevenção à Pré-Eclâmpsia e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, datas importantes para reforçar os cuidados. "É importante ter um acompanhamento obstétrico durante toda a gestação, realizar os exames pré-natais e manter uma alimentação saudável. Para as gestantes em grupo de risco, o cuidado deve ser em dobro", afirma Brena.
EMERGÊNCIAS - Outra forma de reduzir a mortalidade materna é disponibilizar treinamento para equipes de assistência regularmente - como os que acontecem no Csim para profissionais e estudantes - para que reconheçam e saibam conduzir os casos de urgências obstétricas, como os quadros de síndromes hipertensivas graves na gestação. "Um profissional de saúde que exerce sua função com competência precisa integrar habilidade, conhecimento e atitude. Nos treinamentos de simulação, existe a oportunidade e a segurança disso ser realizado", afirma a obstetra, que oferece treinamentos com robôs e atores treinados para atendimento e urgências, parto, atendimento a bebês e UTI's no Centro de Simulação (CSim), da FPS.
Sobre o CSim - O espaço, de aproximadamente 1.000 m2, simula um hospital, com oito salas complexas de simulação que reproduzem um cenário de bloco cirúrgico, emergência e quartos, e todos os materiais e equipamentos utilizados. O treinamento é feito em robôs que simulam pacientes adultos, gestantes e crianças e emitem reações fisiológicas do corpo. Assim, profissionais e estudantes podem treinar habilidades manuais em uma cirurgia, por exemplo.
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