O conceito de pobreza energética não diz respeito somente à falta de distribuição de energia elétrica, mas ao acesso a serviços elétricos modernos. “Quando a questão é a dificuldade de se acessar os serviços modernos de energia, tais como a eletricidade e o gás liquefeito de petróleo (GLP), o popular gás de cozinha, temos, nesse caso, a manifestação da ‘pobreza energética’”, explica o professor Fernando de Lima Caneppele, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP.
Por mais que seja um termo de âmbito mais técnico, o professor comenta que a presença da palavra “pobreza” se relaciona bastante com condições econômicas: “Existe uma forte relação entre esses conceitos de pobreza, uma vez que a falta de renda limita o acesso à energia, que pode ser um instrumento na melhoria da renda das famílias, é um círculo vicioso”.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, 99,8% dos domicílios brasileiros tinham energia elétrica. Mesmo assim, a pobreza energética ainda precisa ser discutida. Ao mesmo tempo que se fala muito sobre sustentabilidade e conservação do meio ambiente, além de temas como energia limpa e renovável, as famílias sem acesso às modernidades energéticas se veem obrigadas a recorrer a outras fontes.
“Quando não há o acesso aos energéticos modernos, a substituição natural é feita com alternativas de qualidade inferior como a lenha, o querosene e as pilhas secas. São alternativas com várias desvantagens, que vão desde a baixa eficiência, maior emissão de gases causadores do efeito estufa, riscos à saúde”, ressalta Caneppele.
No Brasil, o cenário é de muitas famílias voltando a usar lenha e até mesmo álcool no lugar de GLP, por exemplo, para aquecer e preparar comida, como diz o professor. “Então, não basta apenas gerar energia limpa, há de se ter condições econômicas e dignas para que a população em geral participe do que chamamos de transição energética, que está em pleno andamento”, complementa.
Jornal da USP Foto Agencia Brasil
0 comentários