Rede Mulher Sertão do São Francisco inicia projeto com diálogo sobre violência contra a mulher em Curaçá

A Rede de Observatório da Segurança demonstra uma triste realidade de violência contra a mulher na Bahia. Os dados apresentados no relatório "Elas Vivem: Liberdade de Ser e Viver", produzido pelo grupo, revelaram que em 2023, uma média de oito mulheres foram vítimas de algum tipo de violência a cada 24 horas, em oito dos nove estados monitorados, incluindo a Bahia. Destacando-se entre os estados brasileiro, a Bahia registrou o maior número de homicídios contra mulheres, totalizando 129 casos no último ano, representando um aumento de 16,46% em relação ao período anterior. 

Por trás desses números estão questões complexas, como a cultura patriarcal, a desigualdade de gênero em diversos aspectos da vida, incluindo no acesso à educação, emprego e geração de renda, impunidade a desinformação. 

Para combater efetivamente esse problema, é crucial a implementação de políticas e programas que promovam a igualdade de gênero, educação sobre os direitos das mulheres e ofereçam apoio e proteção às vítimas de violência. O  empoderamento financeiro das mulheres é outro elemento fundamental.

No caminho da formação, na manhã da última quinta (09), mulheres de Curaçá, interior da Bahia, estiveram reunidas no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), para participar da roda de conversa promovida pela Rede Mulher. Representantes de diferentes setores da sociedade, incluindo sindicatos, igrejas, associações, coletivos de jovens, Creas e o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) se fizeram presentes. 

A diversidade e união de mulheres do poder público e organizações da sociedade civil despertou o sentimento de força e mudança em Elieusina da Silva, da Rede Mulher em Curaçá. "Nós, da Rede de Mulher, junto com outras redes, vamos transformar, porque essa violência contra nós adoece, nos incomoda". 

O grupo discutiu sobre os tipos de violência contra a mulher e quais ações de enfrentamento podem ser feitas contra essas violências. Alguns caminhos foram apontados no debate, a exemplo da autonomia financeira das mulheres, delegacias preparadas para acolher as mulheres que sofreram violências, o cumprimento das leis de proteção às vítimas e penas mais severas, além da educação. 

A roda de conversa foi proposta pelo projeto "Dialogando com a Rede Mulher: Violência + Empoderamento" e um dos passos relevantes foi o despertar das participantes para a importância de trabalhar em rede e a necessidade de ampliar o processo de sensibilização e formação de outras mulheres no município. 

"Todas elas [mulheres] se comprometeram a multiplicar não só essa discussão sobre violência, mas também outros temas em outros espaços que estão e não puderam vir para cá", disse Gizeli Maria Oliveira, Coordenadora Territorial da Rede Mulher.

De acordo com Mara Cunha, secretária geral do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Curaçá, a roda de conversa vai contribuir no processo de multiplicadoras de conhecimento. "Para nós, mulheres, principalmente as que estão dentro de alguma entidade, esses momentos fortalecem e ajudam a adquirir mais conhecimento. Vamos estar mais empoderadas para levar essas informações para outras mulheres, principalmente as que estão lá nas bases, que não podem estar participando desses momentos", defende.

Gizeli Maria ainda destacou como resultado positivo da roda o fortalecimento da Rede Mulher com o Creas e Cras, que desenvolvem ações de apoio a mulheres que sofrem violência, um tema que vem sendo também uma das prioridades da rede.

Essa primeira atividade marca o início de uma série de rodas de conversas que serão realizadas nos municípios do Território Sertão São Francisco, como parte do projeto "Dialogando com a Rede Mulher: Violência + Empoderamento". Esta iniciativa é fruto da parceria entre a Rede Mulher e a Cooperativa Agropecuária Familiar Orgânica do Semiárido (Coopervida), com apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Bahia, a partir do edital "Elas à Frente" - Pelo Fim da Violência Contra a Mulher.


 

Agencia Chocoho