Conheça quem é o compositor da música Missa do Vaqueiro, interpretada por Luiz Gonzaga que "embala" Madonna

A cantora Madonna, que se apresentará no Brasil em 4 de maio na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro, surpreendeu a internet ao publicar um vídeo onde aparece se arrumando ao som da música “A Morte do Vaqueiro”, clássico do poeta compositor Nelson Barbalho, interpretado por Luiz Gonzaga.

Neste domingo (14), o assunto continua a repercutir nas redes sociais. O assunto foi reportagem nos grandes meios de comunicação do Brasil e internacional. Confira Aqui REDEGN. O som traz só o instrumental da sanfona, sem a voz do Rei do Baião, porém o bastante para viralizar e criar comentários positivoS sobre a valorização da obra de Luiz Gonzaga. 

A música A morte do Vaqueiro foi criada para homenagear o vaqueiro Raimundo Jáco, primo de Luiz Gonzaga, assassinado no Sitio Lajes, localizado em Serrita Pernambuco e que até os dias atuais é tema da Missa do Vaqueiro, realizada no terceiro domingo de julho.

Nelson Barbalho nasceu em 2 de junho de 1918, em Caruaru, Pernambuco. E, ao longo da vida, foi jornalista, historiador, pesquisador, lexicógrafo e compositor. Em Caruaru, foi colaborador dos jornais "A Defesa", "Jornal do Agreste" e "Vanguarda", além de escrever para jornais do Recife, como "Jornal do Commercio" e "Diario de Pernambuco".

O primeiro encontro do pernambucano de Caruaru Nélson Barbalho com o Rei do Baião aconteceu em 1957, quando teve a primeira de suas composições gravadas por Luiz Gonzaga, o baião “Capital do Agreste”, uma parceria com Onildo Almeida. A música é considerada o hino do primeiro centenário de Caruaru.

Em parceria com Gonzagão, Nélson Barbalho compôs outro clássico do Rei do Baião: “A Morte do Vaqueiro”, lançada em 1963. 

Para o historiador Walmiré Dimeron, Nelson Barbalho é um dos responsáveis por manter a memória de Caruaru viva por meio das obras. "Praticamente tudo o que nós sabemos hoje sobre o passado de Caruaru nós devemos a Nelson. Ele foi pioneiro e grande em sua produção. Ele foi um homem que sempre procurou colocar Caruaru no cenário da história, é uma honra ser conterrâneo dele", disse.

MISSA DO VAQUEIRO: A Missa do Vaqueiro, um dos maiores eventos culturais dos Sertões, tem sua origem na história de Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso que, segundo a lenda, foi assassinado numa emboscada por algum desafeto da profissão. O cachorro de Jacó, seu fiel companheiro na aboiada, velou o corpo do vaqueiro dia e noite, até morrer de fome e sede. A história de coragem se transformou num mito do Sertão e três anos após o trágico fim, sua vida foi definitivamente consagrada pelo canto de Luiz Gonzaga. 

O Rei do Baião, que era primo de Jacó, transformou “A Morte do Vaqueiro” numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras. Os versos da música foram feitos por Nelson Barbalho durante uma conversa com Gonzaga, que lhe contou sua vontade de prestar uma homenagem ao primo e a dificuldade por sempre se emocionar quando pensava na história. Barbalho, como não tinha laços afetivos com o vaqueiro morto, se propôs a fazer a canção, puxando os primeiros versos de imediato.

Em 197, foi celebrada pelo padre João Câncio, no Sítio Lajes, Serrita, a 1ª Missa do Vaqueiro. De acordo com a tradição, o início da celebração é dado com uma procissão de centenas vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a Raimundo Jacó, oferendas – chapéu de couro, chicote, gibão (instrumentos de trabalho típicos do vaqueiro) – ao altar de pedra rústica em formato de ferradura. A missa acontece ao ar livre, sempre no penúltimo domingo do mês de julho. Já nos dias que antecedem a celebração da missa, Serrita vive um clima de festa folclórica, com romarias itinerantes com os vaqueiros, shows, vaquejada, pega de boi, palestras, exposições de artesanato e feirinha de comidas típicas. 

LETRA: 

Numa tarde bem tristonha

Gado muge sem parar

Lamentando seu vaqueiro

Que não vem mais aboiar

Não vem mais aboiar

Tão dolente a cantar

Tengo, lengo, tengo, lengo

Tengo, lengo, tengo

Tengo, lengo, tengo, lengo

Tengo, lengo, tengo

Ei, gado, oi

Bom vaqueiro nordestino

Morre sem deixar tostão

O seu nome é esquecido

Nas quebradas do sertão

Nunca mais ouvirão

Seu cantar, meu irmão

Tengo, lengo, tengo, lengo

Redação redegn Foto redes sociais