Janeiro passou. Agora, conseguimos ter uma ideia melhor do que 2024 reserva para o setor de telecomunicações, um dos pilares mais dinâmicos e relevante da economia. Nesse cenário, uma coisa é certa: o setor encontra-se em uma profunda transformação.
No campo corporativo, por exemplo, estamos vendo as empresas buscando uma nova forma de fazer negócios. Num cenário marcado pela dinâmica de preços e acirrada competição, a disputa entre operadoras de telecomunicações e provedores de serviços de Internet tem resultado na queda dos preços, moldando um cenário de consolidação no setor.
Esse movimento é impulsionado pela crescente demanda por serviços de alta qualidade, substanciais investimentos em infraestrutura e pela entrada de fundos de investimento nos últimos anos.
Um benchmark realizado em São Paulo e no Nordeste do Brasil mostrou uma redução significativa nos preços do Trânsito IP (erosão de preços), com previsão de uma queda de aproximadamente 17% para 2024. Os operadores, em resposta a essa redução, estão utilizando estratégias baseadas em estatísticas de rede, distribuindo custos de maneira a favorecer componentes como Internet Exchanges (IX), Content Delivery Networks (CDNs) e Pontos de Troca de Tráfego Internacional (PNIs) em relação aos tradicionais upstreams.
Como alternativa, muitas empresas estão olhando com mais atenção aos M&As, as famosas fusões e aquisições, que frequentemente ganham os noticiários.
A consolidação em curso no mercado brasileiro de banda larga fixa é conduzida por seis fundos de Private Equity, visando redução de custos e aumento do EBITDA. Com 47,2 milhões de acessos ativos, a ANATEL prevê a saída dos fundos ao atingirem 2,36 milhões de assinantes, consolidando 30% do mercado.
Este modelo, focado na eficiência operacional e na otimização de custos é evidenciado por alguns exemplos, como da Desktop, onde dos 1 milhão de assinantes atuais, 470 mil foram obtidos de maneira inorgânica. E a fusão entre Vero e AmericaNet, que resultou no maior provedor de banda larga fixa do país, com cerca de 1,5 milhão de assinantes.
Os cabos submarinos e Data Centers também deverão assumir um papel essencial na globalização e avanço das telecomunicações nos próximos anos. Operadoras buscam diversificar serviços e distribuição de receita em infraestrutura, como data centers e redes de fibra ótica, em resposta à crescente demanda por transformação digital.
O setor de Data Centers na América Latina está passando por um período de expansão, evidenciado por uma onda de construções e ampliações, e a previsão é de que esse crescimento se mantenha ao longo de 2024. Empresas do ramo digital estão ativamente buscando explorar soluções inovadoras para desenvolver novos serviços, otimizar custos e aumentar a flexibilidade nos ambientes globais de Data Center.
Mas os desafios não ficam limitados apenas às fusões e às aquisições. A tecnologia ainda acaba tendo um protagonismo enorme nesse processo e, com certeza, contribuirá para um ano de profundas transformações.
Por exemplo, estamos vendo o advento do 5G e a incorporação de inovações tecnológicas, como a Inteligência Artificial, cujos reflexos ainda não foram sentidos na totalidade
Especificamente falando da IA, ainda não conseguimos quantificar e qualificar o potencial dessa ferramenta no setor de telecom, mas não há dúvida que quem conseguir "domá-la" antes sairá na frente.
Entendido isso, à medida que adentramos 2024, é imperativo que as empresas desse setor busquem estratégias inovadoras para impulsionar o crescimento, conquistar vantagens competitivas e gerar lucro.
Ou seja, o futuro dos setores de Internet e Telecomunicações serão moldados pela capacidade das empresas em se adaptar rapidamente a um ambiente em constante evolução, aproveitando as tendências emergentes e adotando soluções inovadoras para se manterem competitivas.
Rafael Siqueira é Gestor de pré-sales e pricing na Angola Cables.
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