Metáforas à parte, 2023 passou como num piscar de olhos e o mercado de trabalho quase não conseguiu dar conta de tantas mudanças que marcaram este ano.
Depois de dois períodos vivenciados em meio à pandemia, os últimos meses foram impactados por muitas medidas, a primeira delas, políticas com a posse dos novos governos federal e estaduais que implementaram políticas econômicas que afetaram diversos setores brasileiros e que afetaram diretamente o mercado de trabalho.
Foi um período marcado também pela queda de braço entre empregado e empregadores pelo home office.
Para 2024, a expectativa é de um ano com mais ofertas de emprego. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no país caiu para 7,7% no terceiro trimestre do ano, o menor patamar desde 2014, quando chegou a 6,9%. Com isso, a população desempregada representava 8,3 milhões pessoas. Na outra ponta, o número de trabalhadores ocupados no terceiro trimestre bateu um recorde da série histórica de acordo com o levantamento, chegando a 99,8 milhões. Em comparação com os três meses anteriores, esse aumento foi de 0,9%, o que representou 929 mil novas vagas. Os dados do instituto apontam para um 2024 mais aquecido com uma atividade econômica positiva com geração de empregos, principalmente no primeiro semestre, em setores como turismo, serviços, hotelaria e consumo.
Apesar desse movimento otimista, não podemos deixar de nos preocuparmos também com taxa de informalidade que ainda permanecer relevante no país. O IBGE mostrou que havia quase 39 milhões de trabalhadores atuando na informalidade até agosto deste ano, ou seja 39,1% no mercado de trabalho, o que ainda deve ser um saldo da pandemia.
Do ponto de vista social, acredita-se que, no próximo ano, o legislativo já tenha alguma definição sobre uma nova regra para licença paternidade. A demanda foi apresentada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde e vem sendo analisada pela Suprema Corte. Esta é uma reivindicação dos trabalhadores que se soma a outra aprovada recentemente e que vai ser fortemente fiscalizada em 2024 - a lei que determinou a igualdade salarial entre homens e mulheres.
Trata-se de temas que permanecerão em alta na agenda da área de recursos humanos das empresas num ano em que o mercado de trabalho vai discutir amplamente também políticas afirmativas, de diversidade e de inclusão. Cabe dizer ainda que não só as questões sociais, mas os fatores de sustentabilidades e de governança - que fazem parte da sigla ESG - são tópicos importantes para o âmbito organizacional, principalmente, frente a um cenário de desastres ambientais que o mundo e o Brasil estão vivenciando.
No ambiente organizacional para os próximos 12 meses, a saúde mental, bem-estar e flexibilidade seguem sendo prioridades para os trabalhadores. São fatores que se mantêm como inquestionáveis em 2024, mas num cenário um pouco diferente para o home office. Esse modelo de trabalho perde força e a semana de quatro dias começa a ser implementada. Esse formato já vem sendo testado em várias empresas brasileiras. Daí, surge o desafio do RH de buscar por formas mais efetivas de retenção de colaboradores.
Por falar em retenção de colaboradores, aqueles ligados à tecnologia da informação, sustentabilidade, área tributária, comércio eletrônico e inteligência artificial seguem em alta. Os talentos da geração Z, aqueles nascidos a partir dos anos 2000, continuam no radar do RH das empresas para modernização da força de trabalho.
Outro ponto fundamental diz respeito ao impacto da tecnologia no trabalho. Com as ferramentas computacionais responsáveis por atividades repetitivas, o diferencial estará na habilidade comportamental. São aquelas ligadas à inteligência emocional como pensamento analítico e crítico, julgamento e tomada de decisão, raciocínio lógico, colaboração e resolução de problemas, persuasão e negociação, flexibilidade, resiliência, etc. Estas não podem ser substituídas pela tecnologia e, por isso, o componente humano essencial será altamente valorizado e considerado fundamental pelas empresas. Somente a partir delas, será possível criar um ambiente em que as relações não serão superficiais e melhorar a capacidade de comunicação.
Para dar conta disso tudo, tanto colaboradores quanto empresas encontrarão um mercado de trabalho mais digital, resiliente que, ao mesmo tempo, tem o compromisso de apoiar as práticas humanizadas e sustentáveis.
Bruno Martins é CEO da Trilha Carreira Interativa.
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