A onda de calor que atinge o Brasil desde setembro de 2023 já está causando danos à produção agrícola em algumas regiões do país.
Segundo a economista e professora da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Nadja Heiderich, as temperaturas acima de 40°C estão prejudicando o crescimento das lavouras, o que pode levar a uma redução da produtividade e, consequentemente, a um aumento dos preços dos alimentos.
A onda de calor está afetando principalmente as lavouras de milho e soja da segunda safra, que é plantada no segundo semestre do ano. Essa safra é responsável por cerca de 70% da produção total de milho e soja do Brasil. De acordo com informações da Embrapa, a onda de calor pode reduzir a produtividade da soja em até 10% e a do milho em até 15%.
"A soja e o milho são as principais culturas agrícolas do Brasil, responsáveis por cerca de 40% da produção total de grãos do país. A soja é o principal produto de exportação agrícola do Brasil, e o milho é um importante ingrediente para a alimentação animal e humana", acrescenta Nadja.
Uma redução na produção de soja pode levar a uma redução na oferta global de soja, acarretando aumento dos preços da soja e de outros produtos derivados, como o óleo de soja e a farinha de soja. O óleo de soja é usado na produção de uma série de produtos alimentícios, como biscoitos, salgadinhos e maioneses.
Uma redução na produção de milho também pode levar a um aumento dos preços do milho, que é um importante ingrediente para a alimentação animal e humana. O aumento dos preços do milho pode afetar o preço de uma série de produtos alimentícios, como carnes, leite e derivados, e biscoitos. Além disso, pode afetar o abastecimento de ração para o gado, impactando em aumento dos preços da carne.
"A onda de calor também pode afetar a produção de outros alimentos, como frutas, legumes e verduras. Esses alimentos são importantes para a segurança alimentar do país, e uma redução na produção pode levar a uma escassez e a um aumento dos preços", alerta a docente.
O governo federal está monitorando a situação da onda de calor e tomando medidas para mitigar seus efeitos. No entanto, é provável que os impactos da onda de calor sejam sentidos por alguns meses, até que as temperaturas voltem ao normal.
"O aumento dos preços dos alimentos é uma preocupação global. A guerra na Ucrânia, que é um importante produtor de commodities agrícolas, também está contribuindo para o aumento dos preços dos alimentos no mundo. No Brasil, o aumento dos preços dos alimentos pode afetar a população mais pobre, que gasta uma parcela maior da renda com alimentação", finaliza a economista.
A especialista: Nadja Heiderich é Doutora em Ciências (Economia Aplicada) na Universidade de São Paulo. Possui mestrado em Ciências (Economia Aplicada) pela Universidade de São Paulo (2012). Graduada em Ciências Econômicas pela FECAP (2008). É professora no Centro Universitário FECAP. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Aplicada, atuando principalmente nos seguintes temas: meio ambiente, modelagem matemática, logística, agronegócio.
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