Possibilitar o conhecimento de tecnologias diversas por pequenos produtores de caprinos e ovinos. Esse é o objetivo do projeto "Ressignificar saberes e vivências para a inovação e inclusão digital de Ovinocaprinocultores no Sertão Pernambucano", desenvolvido por professores e estudantes do campus Petrolina Zona Rural do IFSertãoPE .
Em vigor desde setembro de 2022, o InOviSertão iniciou suas atividades com visitas a produtores e associações para divulgação e articulação de parcerias. Neste ano, recebemos a primeira turma formada por 28 pequenos produtores de Cachoeira do Roberto, comunidade de Afrânio (PE).
"Os caprinocultores em sua maioria são pequenos produtores. Eles têm o saber, eles sabem fazer, até porque essa é uma atividade que passa de família para família, de geração para geração, é algo que está na tradição do sertanejo. Nosso objetivo é trazer um novo significado para esses saberes, apresentando para eles as tecnologias, que às vezes nem chegam para o pequeno produtor ou, se chegam, chegam de uma forma que ele acha muito difícil, caro, desnecessário", explica a coordenadora no InOvi, Fabiana Dantas.
A capacitação oferecida possui cinco módulos, totalizando onze reuniões presenciais e cinco virtuais. Durante o curso, são trabalhadas questões como o porquê da inclusão digital, as tecnologias usadas no agronegócio, estratégias de empreendedorismo e marketing. Os participantes vivenciaram ainda o momento de inclusão, em que o produtor experimenta a tecnologia.
Em uma das aulas de campo com a turma de Cachoeira do Roberto, realizada no campus Petrolina Zona Rural, os produtores tiveram a oportunidade de manusear pela primeira vez um drone e entender sua utilização.
"Nós mostramos para eles imagens das pastagens, cultivadas e nativas, imagens dos animais. Na imagem que o drone captou, nós conseguimos perceber a temperatura que aquele animal está, o que ajuda no bem-estar animal. Ele sabe que o animal vai procurar um sombreamento, mas ele conseguiu enxergar através daquela tecnologia que ali o calor está tão intenso que está causando sofrimento no animal. Com o uso da tecnologia a gente consegue fazer um diagnóstico completo das práticas de manejo", afirmou Fabiana Dantas.
Embora o projeto aborde o uso tecnologias digitais, são enfatizadas tecnologias diversas, desde o uso de um aparelho eletrônico, como celular, tablet, computador, drone, até questões ligadas diretamente ao manejo. No final da capacitação, o que se espera é que melhore o nível tecnológico, assim como aspectos ligados à comercialização, padronização e regularidade na oferta de produtos e, principalmente, que haja maior organização do arranjo produtivo local.
Seu José dos Santos da Silva é um dos produtores que integra a primeira turma do curso ofertado pelo InOviSertão. Ele conta que já aplicou conhecimentos adquiridos na capacitação em seu dia a dia, como a utilização do aplicativo "Bego", que tem a função do acompanhamento do animal através de registros de aplicação de medicamentos. "Para mim, o projeto InOviSertão tem sido significativo, ajudando nos manejos dos animais e melhoramento de pastagem, trazendo as tecnologias que estão sempre em evolução para auxiliar na produtividade e melhor capacidade de interagir com esse mercado da caprinovinocultura", afirmou seu José.
Além da orientação dos professores, o projeto conta com a atuação de três bolsistas, estudantes dos cursos de Agronomia e Agropecuária do campus Petrolina Zona Rural. Douglas Rodrigues cursa o Médio Integrado em Agropecuária e auxilia na montagem, instalações de softwares e organização dos equipamentos de domínio do projeto, executa atividades como projeção e impressão tridimensional, e o monitoramento aéreo de pastagens. "Tenho achado o máximo poder contribuir para a inovação e a transmissão de técnicas que não eram de conhecimentos desses produtores, uma vez que a produção animal é um setor fundamental para o desenvolvimento de determinada região", considerou.
No segundo semestre desse ano, o InOvi começou a capacitar a segunda turma de produtores de Caroá, em Petrolina.
O projeto tem financiamento da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe) e a parceria de várias instituições: Sebrae, Banco do Nordeste, Capricon, Univasf, IPA.
PROJETO GUARDA-CHUVA – O InOviSertão é fruto de outro projeto, que visa a obtenção de um selo de indicação geográfica para a carne de caprinos e ovinos da região. "Nós estamos pleiteando (o selo de indicação geográfica), com outra equipe em paralelo, e nós percebemos no edital da Facepe uma possibilidade de capacitar nossos produtores", disse Fabiana Dantas.
Segundo a coordenadora, uma das etapas para solicitação do selo é a apresentação, por parte dos produtores, de especificações técnicas para o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). "Então pensamos que temos que ter outras frentes fazendo a capacitação dessas pessoas. Embora exista uma equipe compilando dados, validando informações, existe outra equipe fazendo extensão e capacitando os produtores", explicou.
Um produto com selo de indicação geográfica possibilita benefícios não somente na questão social, mas também no aspecto econômico, porque interfere no turismo, na diversidade de produtos e no alcance diferenciado do mercado.
Comunicação IF Sertão
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