Mesmo com a cidade sendo banhada pelo rio São Francisco, moradores de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, encaram com frequência a falta de água nas torneiras.
No bairro Henrique Leite, por exemplo, o abastecimento está há mais de dois meses com problema.
Manoel Leite sai três vezes por dia de casa, na rua 17, do bairro Henrique Leite. Com a ajuda de uma bicicleta, ele vai até a casa dos parentes, onde consegue encher alguns garrafões de água. Uma rotina cansativa.
“Quanto termino de encher o último galão, já está faltando. Essa água aqui é para cozinhar e, ao mesmo tempo, tomar banho. Esse sofrimento da gente vai muito longe, direto”, diz.
Mesmo sem água na torneira ou auxílio de carros-pipa, Manoel diz que a conta enviada pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) sempre chega. “Está ali minha caixa d’água com o papel de água de R$ 115,00, sem ter água. Só tem ar”.
A dona de casa Maria Lúcia Pereira também mora no Henrique Leite, com a filha Aline. Ela faz diálise, um procedimento de filtração do sangue para ajudar nas funções renais. O tratamento é feito na cidade de Juazeiro, na Bahia, município vizinho de Petrolina. Sem água para tomar banho, ela corre o risco de perder as sessões.
“Não tem água para nada. Já fui tentar ver se tem água na torneira do vizinho, mas tá sem água há mais de dois meses, faltando aos poucos. A última vez que caiu água foi no final de semana e já tem 15 dias”.
A auxiliar administrativa Cláudia Ferreira lembra que os moradores da comunidade estão cansados de cobrar e esperar. São promessas e previsões que não se cumprem.
“Geralmente a gente recebe da Compesa a seguinte forma: vai chegar, a gente vai providenciar, mas essas providências elas não estão chegando. Ano passado a gente teve êxito com carros-pipa, com doações de caixa d’água, mas esse ano a gente não está tendo nada. Até as escolas estão tendi dificuldades, as creches estão tendo dificuldades de receber os alunos. Não tem água para nada, lamenta a moradora.
“Nós estamos vivendo uma guerra silenciosa, porque a gente mora na beira do rio, a cinco minutos do rio, e não temos água nas torneiras”, desabafa Cláudia.
Mais de cem moradores se uniram e deram entrada na justiça para obrigar a Compesa a regularizar o abastecimento de água no bairro.“Saímos da conversa, das promessas e agimos agora de forma judicial”, afirma Cláudia, reforçando: “o que a gente quer é água nas torneiras”.
No bairro Vila Vitória, a situação é semelhante, os moradores estão quase dois meses sem água nas torneiras. Os pratos sujos se acumulam, falta água para lavar roupa, tomar banho. A solidariedade entre vizinhos tem sido essencial para garantir o básico.
“É pouquinho, mas ninguém quer ver os outros sofrendo, sem fazer nem um café de manhã”, diz a dona de casa Zilda Ferreira, que mora com mais cinco pessoas.
O g1 entrou em contato com a assessoria de comunicação da Compesa, para saber sobre a falta de abastecimento nos bairros de Petrolina, mas até a publicação desta matéria não teve retorno.
2 comentários
12 de Oct / 2023 às 14h22
Srs leitores. Vivemos em um país maravilhoso, mas, o sistema político, nos faz de otários, aí,me remeto a frase dita por um magistrado da alta corte, que foi" Perdeu Mané" inadmissível que para tudo que compramos, pagamos impostos, que ao invés de serem revertidos, em infraestrutura, melhor qualidade de vida para população, não, é sim, para sustentar o sistema político todos os níveis. Moradores ribeirinhos, que ainda não isufluem de terem água potável, e, quando tem, constantemente falta para o básico, não é privilégio da Califórnia do nordeste, tantas outras cidades, passam pelo mesmo.Isso,
12 de Oct / 2023 às 14h30
Má distribuição de renda, inexistência de uma boa gestão, como uma metrópole como Petrolina, que cresce/desenvolve a cada segundo, tem arrecadação magnânima, me refiro ao assunto, e, o erário público que é arrecadado, não retorna pra suprir necessidade moradores, no que se refere a expansão da rede água. É desafio para governadora, sugiro senão municipalizar, ao menos, descentralizar regionalizando, vai um bolo para cofres público estado e, nem uma fatia para município, tá errado.