Foto: Reprodução/TV Bahia
As exportações de uva e de manga cultivadas no Vale do São Francisco devem crescer 25% em 2023, em comparação com o ano passado. Essa é a estimativa da Associação dos Produtores e Exportadores de Frutas e Hortigranjeiros do Vale (Valexport).
A justificativa para isso, conforme a Valexport, vem do fenômeno climático El Niño, que elevou as temperaturas e prejudicou a floração das árvores em países como Peru, Equador e México, os principais “concorrentes” do Brasil no mercado internacional.
Conforme a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), o estado é o quarto maior exportador de frutas do Brasil, e o segundo maior produtor do país. Somente em 2022, foram mais de R$ 165 milhões de dólares em negócios com estrangeiros, com destaque para manga e uva.
Um estudo recente divulgado pelo Ministério da Agricultura aponta previsão de crescimento na produção e exportação de frutas brasileiras na safra 2032/2033, em comparação com a década anterior. Nesse período, a colheita da manga deverá ser o maior destaque, com um salto de 28%. A Bahia deverá se beneficiar nesse cenário, pois é o segundo maior produtor de manga no Brasil.
Entre municípios baianos e pernambucanos o que compõem polo de fruticultura irrigada do Vale do São Francisco, a Valexport reúne mais de 200 produtores. Na Bahia, o maior centro é Juazeiro, no norte, região de onde sai 34% da fruticultura estadual.
Conhecidas por sabor doce e altíssima qualidade, mais de 70% das frutas produzidas na região são vendidas para a Europa e deixam a Bahia através dos portos estaduais, além do aeroporto da capital. Somente no terminal aeroviário, elas são responsáveis por mais da metade do transporte de carga.
Enquanto a fruta levada de avião precisa de apenas dois dias para sair das fazendas e chegar ao mercado, a que vai de navio passa de uma a duas semanas em contêiners. Nas embarcações, as mercadorias passam por grandes centros de distribuição europeus, entre eles o Porto de Rotterdam, na Holanda, o mais movimentado do continente.
Lá, a mercadoria é mantida em câmara fria e passa por avaliações, para garantir que as características estão de acordo com o que foi acertado entre fornecedor e comprador. A engenheira agrônoma Renata Rangel, que é baiana, vive na Holanda e faz o trabalho de medir tamanho, peso, até mesmo o teor de açúcar.
A Espanha é um importante comprador da manga cultivada em Juazeiro e região. Há três anos, o comerciante espanhol Alejandro Garcia é um dos revendedores. "A qualidade é muito boa, tem pouca fibra, o produto natural, tem sabor bom, boa dose de açúcar, é muito doce”, opinou, também durante entrevista para o programa especial "Onde Tem Bahia".
Segundo ele, o mesmo pode ser dito sobre as uvas. A que chega in natura às casas dos consumidores, a chamada uva de mesa, é do Nordeste: 59,63% da produção total é do Pernambuco e 36,94%, da Bahia. Os dados são da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), que afirma que 95% da chamada uva de mesa exportada no Brasil sai desses estados.
A entidade ressalta que o Rio Grande do Sul é o maior produtor dessa fruta no Brasil, detém 54,6% da vitícola nacional, contudo, essa a produção é destinada ao fabrico de vinhos e sucos.
“A Abrafrutas está com a expectativa de abrir, até o final deste ano, o mercado de uva de mesa para a China, o que será de grande importância, pois a China tem 1,4 bilhão de habitantes e, com isso, teremos uma grande oportunidade de alavancarmos, cada vez mais, as vendas para o mundo inteiro”, revelou Guilherme Coelho, presidente da associação.
Ainda conforme a Abrafrutas, a Bahia é responsável por produzir 31% das frutas frescas de todo o Brasil e é o terceiro maior produtor do mundo. O estado tem grande potencial a ser explorado no mercado estrangeiro. "Não há nenhum outro lugar que produza uma manga com essa qualidade, que se possa comer de colher. Isso é uma riqueza do Vale do São Francisco", disse Guilherme.
Para a associação, a grande vantagem da fruticultura da região está nos recursos hídricos para irrigação, que garantem altos índices de produtividade, com duas ou mais colheitas ao ano - o comum é apenas uma colheita a cada 12 meses.
A Seagri acrescenta, ainda, que a consolidação de polos estruturados para exportação, aliados à localização territorial do estado para escoamento da produção, trazem mais diferenciais para a Bahia.
Conforme a secretaria, os baianos têm obtido êxito no atendimento das normas de qualidade exigidas tanto pelo mercado interno, como o externo, e grande parte desse sucesso se deve à segurança fitossanitária do manejo das frutas, evitando pragas que afetem as lavouras.
O agronegócio é responsável por 1/3 do Produto Interno Bruto (PIB) do estado e gera um em cada três empregos na Bahia. A fruticultura é o setor que mais emprega no campo, por ter baixa mecanização dos processos, além de gerar ambiental, ajudando a preservar a biodiversidade.
Fonte: g1 Bahia
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