O advogado Cristiano Zanin, 47, tomará posse hoje como ministro do Supremo Tribunal Federal. Ex-advogado de Lula (PT) e de perfil conservador, ele assume a vaga deixada por Ricardo Lewandowski, que se aposentou em abril.
Zanin chegou à sede do STF por volta das 15h30, meia hora antes do início marcado para a cerimônia. Ele entrou na sede da Corte acompanhado de esposa, Valeska Teixeira Martins, e dos filhos.
Lula chegou à sede do STF cerca de 20 minutos depois. Outros políticos na posse são o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o líder do governo na Câmara, Zé Guimarães (PT), e o ex-ministro Gilberto Kassab.
Os presidentes de tribunais superiores também compareceram: Maria Thereza Assis Moura, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), e Joseli Parente Camelo, do STM (Superior Tribunal Militar).
Depois de meses bloqueada por grades, a sede do STF em Brasília teve o entorno liberado para a posse de Zanin. Ele é o primeiro ministro a assumir uma cadeira na Corte desde os atos de 8 de janeiro, quando o prédio foi depredado.
O advogado é o primeiro a ser indicado por Lula neste mandato. Ainda neste ano, o presidente deverá levar um novo nome à Corte, no lugar da atual presidente Rosa Weber, que deixará a cadeira em setembro.
O ex-advogado de Lula poderá ficar no Supremo até 2050, quando completará 75 anos. Nascido em Piracicaba (SP) em 15 de novembro de 1975, ele se tornará o ministro mais novo a assumir o cargo.
Somando seus três mandatos, Lula já indicou 9 nomes ao Supremo. São eles os atuais ministros Cármen Lúcia e Dias Toffoli e os integrantes da Corte Eros Grau, Ayres Britto, Ricardo Lewandowski, Cezar Peluso, Joaquim Barbosa e Menezes Direito (morto em 2009).
O petista é o segundo presidente brasileiro com mais nomeados ao tribunal, ao lado de João Figueiredo (1979-85), último mandatário da ditadura militar. Os dois ficam atrás apenas de Getúlio Vargas (1930-45 e 1951-54), que indicou 21 ministros.
Segundo aliados de Lula, Zanin já era o nome de preferência do petista para o STF desde as eleições. Logo no início do governo, o presidente afirmou que não haveria disputa pela indicação.
Lula escolheu Zanin apesar de críticas à esquerda e à direita. Um dos pontos atacados por apoiadores do governo foi a entrada de mais um homem no Supremo, que tem apenas duas mulheres na atual composição.
Já a oposição lembrou a proximidade do petista com seu ex-advogado, que o defendeu nos processos da Lava Jato. Em público, o presidente nega que eles sejam amigos.
Depois de tomar posse, Zanin será homenageado em uma festa para 400 convidados em Brasília. O evento acontece em um salão de festas e tem ingressos a R$ 500.
A lista de convidados tem de passar pelo crivo do novo ministro, que quer uma celebração mais reservada. Por essa razão, as vagas foram disputadas.
Zanin se tornou alvo de ataques nos meses que antecederam o anúncio de sua indicação, mas não teve dificuldades em passar pela sabatina do Senado. Seu nome foi aprovado por 58 votos a 18. Detalhes da vida pessoal, porém, acabaram expostos.
Entre as questões pessoais de Zanin que vieram a público, estão seu litigioso rompimento com o sogro, Roberto Teixeira, e processos trabalhistas envolvendo ex-babás. O novo ministro se irritou, mas não demonstrou publicamente.
Após a indicação presidencial, Zanin procurou parlamentares para se livrar da alcunha de ser só o "advogado de Lula". Conquistou senadores em almoços e jantares e fez um beija-mão de gabinete em gabinete no Senado.
Não está claro o que o novo ministro pensa sobre alguns temas em discussão no STF. Zanin, no entanto, já deu pistas de seus posicionamentos sobre drogas, aborto e marco temporal.
Uol | Foto: Lula Marques/AgBr
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