Famílias que vivem na comunidade de Terra Nova II, a cerca de 30 km do Centro de Petrolina, Sertão de Pernambuco, sofrem com a falta de água praticamente o mês inteiro. A promessa de ter água tratada nas torneiras animou os moradores em 2016, mas de lá para cá, eles precisam contar com água da chuva ou com abastecimento de carros-pipa, mesmo pagando as contas em dia.
Após a aposentadoria, Evangelista Américo Andrade, de 69 anos, mudou-se para Terra Nova II. No sítio, plantava frutas e criava animais, mas desde 2016, a tranquilidade deu lugar a um pesadelo. A comunidade, que recebia água bruta do Perímetro Irrigado Maria Tereza, foi beneficiada com o sistema para ter água tratada. O problema, é que o abastecimento é irregular, e já são sete anos sem água constante nas torneiras.
“Sete anos atrás eu tinha água direto aqui. Água aqui era no gotejamento, saía água tranquilo, era cheio de planta. Fruteira tinha mais de 30 pés, mas morreu tudo. Não tem mais nada”, lamenta o aposentado.
O problema é antigo e atinge outros moradores do povoado. Devido à falta de água, alguns abandonaram as casas. O aposentado Valdelito Silva é um dos que resistem, acreditando na esperança de dias melhores.
Como mora na parte mais baixa da vila, Valdelito consegue ter água nas torneiras em alguns períodos, mas, a última vez, foi há mais de três meses. Para ter acesso ao precioso líquido, ele precisa recorrer aos carros-pipa. No entanto, com as contas enviadas pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) em dia, o aposentado cobra água encanada com regularidade.
“Todo mês eu pago R$ 57, 00. Vou na Compesa, porque tem por obrigação de botar um carro-pipa, mas eu disse a eles que não quero carro-pipa. Carro-pipa é paliativo, eu quero água encanada. Eu pago para receber água encanada, não caro”, frisa o morador.
No último mês de março, a Compesa disse em nota, que iniciou uma obra e que os trabalhos seriam finalizados na primeira quinzena de abril, para dar início aos testes e regularizar o abastecimento na região. Quem vive no local continua esperando as melhorias.
Na casa de Boaventura de Andrade a água nem chega as torneiras. Dos R$ 600 que o agricultor recebe de um programa social, para pagar as despesas do mês, R$ 170 são utilizados para comprar a água que ele utiliza para beber, cozinha, fazer as tarefas de casa e ainda doar parte para os vizinhos.
“Não é só eu [nessa situação], são várias pessoas”, diz Boaventura, que mora na comunidade há três dias. “Tem dias que a gente não tem água nem para tomar banho. É dificuldade grande”.
Em nota, a Compesa informou “que o calendário de abastecimento está sendo cumprido em Terra Nova 2. A situação apresentada na reportagem é uma questão pontual em duas residências, que ficam localizadas em final da rede de distribuição. A Compesa está estudando o caso para definir as ações necessárias para regularizar o fornecimento de água para os referidos imóveis”.
g1 petrolina Foto Reprodução
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