O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quinta-feira (27), dados da pesquisa Brasil Quilombola, que integra o Censo Demográfico de 2022. Os números apontam que a Bahia tem a maior população quilombola do país. Além disso, o estado tem cinco das dez cidades do país de maiores populações quilombola.
Essa é a primeira vez na história do Censo Demográfico, em que população quilombola pode se autoidentificar. A Bahia tem, atualmente, uma população estimada de 397.059 quilombolas. O que representa 2,8% da população total do estado que é de 14.136.417 pessoas.
De acordo com o Censo, da população quilombola que mora na Bahia, apenas pouco mais de 5%, ou 20.753 vivem em territórios quilombolas demarcados. Enquanto a grande maioria, 376.306, ou quase 95% vivem fora dos territórios quilombolas.
As cinco cidades baianas que estão entre as 10 maiores do país em população quilombola são:
Senhor do Bonfim (1ª): 15.999
Salvador (2º): 15.897
Campo Formoso (8º): 12.735
Feira de Santana (9º): 12.190
Vitória da Conquista (10º): 12.057
Ainda de acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira, 75% das cidades da Bahia registraram presença de população quilombola. Salvador é a capital com mais quilombolas do país.
De acordo com o Conselho Estadual das Comunidades Quilombolas da Bahia, o estado tem 937 comunidades certificadas pelo governado federal, além de outras ainda não certificadas. O número total estaria em torno de 1.500 comunidades.
O estado conta com quilombos como o Rio dos Macacos, que fica em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, e que somente em 2020, após mais de 40 anos em disputa territorial, conseguiu a titulação das terras.
Ou ainda o Quilombo Laje dos Negros, considerados um dos maiores do estado, localizado no município de Campo Formoso, no sertão baiano. A região quilombola ainda abriga lugares de grande importância do período pré-histórico, como a Caverna da Barriguda, onde já foram encontrados diversos fósseis de animais que viveram naquela época.
É na mesma região que fica a cidade Senhor do Bonfim, que tem a maior população quilombola do país com quase 16 mil autodeclarados.
As lideranças quilombolas celebraram a parceria com o IBGE que permitiu um mapeamento da situação dos povos das comunidades.
"O quesito quilombola estar no Censo 2022 é uma vitória para o nosso povo porque muitas vezes tentamos e lutamos buscar os nossos direitos e ouvíamos que não existiam dados que fundamentassem aquilo, mesmo diante das nossas necessidade", contou ao g1, o quilombola Valmir dos Santos, do Conselho Estadual das Comunidades Quilombolas da Bahia e morador da comunidade de Tijuaçu, em Senhor do Bonfim.
"Nossos quilombos precisam ser respeitado. Nós temos uma grande parcela da população do Brasil é quilombola. O Brasil também é quilombola. Nenhum direito a menos" cobrou o líder, que também integra a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos.
Apesar de o IBGE ter identificado quilombolas em cerca de 1,7 mil cidades do país, a maioria delas tem pouquíssimas pessoas com essa autodeclaração.
Pouco mais da metade destas cidades, por exemplo, tem menos de 200 quilombolas (888 cidades).
Além disso, os quilombolas representam menos de 0,9% da população local em metade das cidades.
Por outro lado, há uma grande concentração de quilombolas em poucos municípios do país.
Na prática, isso quer dizer que 110 cidades concentram 50% da população quilombola do Brasil.
A maioria dessas cidades está na Bahia (40), no Maranhão (32) e no Pará (14).
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