Para que as ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) possam ter condições favoráveis para seu desenvolvimento e restabelecimento na natureza, o Projeto RE-Habitar Ararinha-azul realiza a recuperação de áreas degradadas no interior do Refúgio de Vida Silvestre (RVS) da Ararinha Azul, em Curaçá (BA).
Planejado e executado pelo Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), o projeto concluiu o plantio de 37 mil mudas em abril deste ano.
Este esforço foi realizado com o envolvimento de profissionais de diversas áreas do conhecimento, incluindo moradores locais, em cerca de 194 hectares de Caatinga e mata ciliar.
As espécies escolhidas para a recuperação das áreas são nativas e adaptadas à Caatinga e ainda são utilizadas pelas ararinhas-azuis como alimento, dormitório ou para formação de ninhos, e também pelas comunidades tradicionais da região nas suas atividades do cotidiano. São plantas como caraibeira (Tabebuia aurea), carnaúba (Copernicia prunifera), umbuzeiro (Spondias tuberosa), aroeira (Astronium urundeuva), xique-xique (Xiquexique gounellei) e catingueira (Cenostigma pyramidale). No total, são 24 espécies, todas com elevado grau de ocorrência na região da bacia hidrográfica do rio Curaçá.
Para a realização do plantio foi utilizado o método de enriquecimento, que consiste na introdução de mudas em locais com melhores condições, e de modelos de nucleação desenvolvidos pelo Nema para áreas com maior nível de degradação. Neles, são plantadas espécies capazes de melhorar significativamente o ambiente, dispostas em formato de núcleos ou ilhas de plantio. São os Núcleos de Aceleração da Regeneração Natural com espécies pioneiras (NARNP), que possuem características que facilitam o estabelecimento de outras espécies, e com espécies secundárias (NARNS), que contribuem para a diversidade, ambos favorecendo o seguimento da sucessão ecológica. Ao todo, foram implantados 2.844 núcleos.
Para a recuperação das áreas, ainda foi realizada semeadura direta, finalizada em janeiro deste ano, com mais de 450 kg de sementes de dez espécies herbáceas (ervas) e arbustivas (arbustos) em uma área total de 15,45 hectares. As áreas em recuperação estão sendo monitoradas quanto à sobrevivência das mudas, à cobertura do solo e ao sucesso da recuperação. Após um ano, as mudas mortas devem ser replantadas.
De acordo com o ecólogo Fábio Socolowski, diretor de pesquisa e planejamento do Nema, a recuperação de áreas degradadas com o plantio de mudas de espécies nativas, de ocorrência regional, é de reconhecida importância ambiental e tradicional e busca garantir bons resultados no processo de restauração florestal. “Esperamos que com o passar do tempo, nas áreas em recuperação, não somente ocorra a melhoria da qualidade dos serviços ambientais na região, mas também do habitat da ararinha-azul e das atividades produtivas da região”, ressalta.
RE-Habitar Ararinha-azul - Projeto do Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), aprovado em chamada do Global Environmental Facility (GEF Terrestre). A iniciativa conta com a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento (Fade) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) como fundação de apoio responsável pela gestão administrativa.
O GEF Terrestre é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) como agência executora e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como financiador.
Ascom Univasf
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