A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) promove na próxima quinta-feira (15) o "Encontro Nacional sobre Violência no Ambiente Escolar - um problema a ser enfrentado".
O governo federal terá assento no debate, representado pela secretária executiva do Ministério da Educação, Izolda Cela; e pelo secretário nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar. Ambos trarão para a discussão dados da operação "Escola Segura" e apresentarão as ações do governo para enfrentamento do problema.
O evento acontece das 9h às 13 horas, no auditório Sérgio Guerra, sede da Alepe. A iniciativa é da Comissão de Educação da Alepe, em parceria com a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Unale (União Nacional dos Legislativos Estaduais), cujo presidente de ambos os colegiados é o deputado estadual Waldemar Borges (PSB).
“Esse encontro trará uma reflexão necessária sobre um tema muito importante. Com essa iniciativa, queremos compreender melhor o que tem ocorrido nas escolas e, assim, podermos sugerir caminhos para o enfrentamento desse problema que tanto tem impactado a vida de nossas crianças e adolescentes”, justifica Waldemar Borges.
O encontro emitirá certificado. Uma das participantes da mesa redonda é a professora da Unicamp, Telma Vinha, doutora em Educação e considerada uma das mais importantes pesquisadoras de problemas de convivência na escola e radicalização da juventude.
Integrante do Instituto de Estudos Avançados (IDEA) da Universidade de Campinas, Telma apresenta dados que confirmam o agravamento dos ataques no ambiente escolar.
No período compreendido entre 2002 a 2023, já foram registrados 21 casos de violência extrema em escolas do Brasil, cometidos por estudantes e ex-estudantes. Um saldo de 35 vítimas fatais, sendo 23 estudantes. Chama a atenção o aumento expressivo de casos em poucos meses: um total de nove ocorridos entre agosto de 2022 e março de 2023.
"Nesse período, ocorreu uma significativa ampliação do tempo de interação dos jovens com jogos e redes sociais, muitas vezes com perfis e fóruns que fomentam discursos de ódio. Nesses fóruns on line, eles têm escuta e acolhimento, se sentem valorizados e pertencentes a uma comunidade. Destaco também a pandemia, com o isolamento social necessário e prolongado, aliado à ampliação da vulnerabilidade social entre os fatores que contribuíram com o aumento de efeitos psicológicos negativos e transtornos mentais".
RESPEITO E ESCUTA-Autor de "A geração do quarto", livro que traz uma consistente análise sobre a saúde mental e emocional dos jovens e adolescentes brasileiros, o neuropsicólogo e pós-doutor em Estudos da Criança, professor Hugo Monteiro Ferreira, também será um dos palestrantes do encontro promovido pela Alepe.
Seu livro é fruto de uma pesquisa realizada entre 2017 e 2018 com mais de três mil alunos, entre 11 e 18 anos, de cinco capitais brasileiras.
"A geração do quarto", na definição de Monteiro, são meninos e meninas que passam mais de seis horas dentro dos quartos conectados à Internet.
São jovens e adolescentes vítimas de bullying e/ou ciberbullying, com enorme dificuldade de se comunicar verbalmente com a família e que apresentam comportamento autodestrutivo como autolesão, ideação suicida e sintomatologias psicopatológicas como depressão, ansiedade, síndrome do pânico, etc.
"Temos problemas de toda ordem e negligenciamos com as emoções e os sentimentos. Não cuidamos do que é subjetivo e afetivo. Desrespeitamos as alteridades e impusemos modelos de sobrevivência baseados na concorrência. Meninos e meninas estão esgotados. Mas seus pais também estão. A diferença é que eles (meninos e meninas) falam sobre isso, expõem nas redes, gritam com os corpos, ainda que não sejam devidamente ouvidos", ressalta o especialista.
Serviço:
Encontro Nacional sobre Violência no Ambiente Escolar - um problema a ser enfrentado
Quando: Quinta-feira (15/06) das 9h às 13 horas
Onde: Auditório Sérgio Guerra, sede da Alepe
Inscrições gratuitas e limitadas
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