O desmatamento da Mata Atlântica tem prejudicado os principais rios do bioma. Das 47 bacias das Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos da Mata Atlântica, 35 registraram desmatamento entre 2019 e 2020 e as mais afetadas são as dos rios São Francisco, Jequitinhonha e Pardo, todos com nascentes em Minas Gerais.
O mais emblemático é o São Francisco, que atravessa ainda mais dois biomas, cerrado e caatinga, e teve 2.037 hectares de mata suprimidos apenas na Mata Atlântica, que cerca a região das nascentes e foz.
O flagrante de um rio vulnerável na região central do Paraná. As imagens mostram que o desmatamento avançou até a beira do rio e abriu clareiras onde deveria existir floresta.
O novo atlas da Mata Atlântica concluiu que todas as bacias hidrográficas do bioma perderam áreas de vegetação. As mais atingidas são as dos rios São Francisco e Jequitinhonha, a do Rio Paraná e a do Rio Iguaçu - 65% do que foi desmatado no bioma em 2022 estavam nesses locais.
A devastação da Mata Atlântica coloca em risco o fornecimento de água. Uma área de preservação permanente. Nesse caso, 30 metros da margem do rio precisam ser preservados, mas sobrou muito pouco.
“A gente observou o desmatamento em todas as bacias hidrográficas importantes que abastecem de água cidades, indústrias, irrigação, que são as águas que também fazem parte dos reservatórios que geram energia elétrica, alimentação. Quando a gente corta a Mata Atlântica, a gente está cortando a água, está cortando a energia elétrica, está comprometendo a comida e o dia a dia das pessoas”, afirma Luís Fernando Guedes Pinto, diretor-executivo fundação SOS Mata Atlântica.
O país perdeu mais de 20 mil hectares de Mata Atlântica em 2022. Uma redução de 7% no desmatamento em relação a 2021, mas ainda em níveis altos.
“É como a gente falar de um time que estava perdendo de 4 a 0 e agora está perdendo de 3 a 0. A gente está falando de uma sequência de 500 anos de devastação da Mata Atlântica. Em cada ano, a gente perde um pedaço”, afirma Luís Fernando Guedes Pinto.
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No caminho contrário ao de quem destrói, o projeto Viva Água já plantou mais de 30 mil mudas de espécies nativas na bacia do Rio Iguaçu. Uma missão compartilhada com os moradores que vivem perto de rios e nascentes.
“Isso só veio a agregar. Daí sempre temos água, não falta”, conta uma moradora.
“A floresta atua como uma esponja. A quantidade de água que eu tenho dentro do meu rio, correndo em uma época de seca, é influenciada pela quantidade de vegetação que existe na bacia hidrográfica na qual esse rio está localizado. Então, realmente, a vegetação é a principal responsável por manter a água nos rios”, explica Anke Manuela Hausmann, coordenadora do movimento Viva Água.
Jornal Nacional e Globo Foto Reprodução UFAL
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