Por ocasião da passagem do 54º ano do assassinato do Padre Henrique (1940-69), diversas organizações sociais se juntaram para realizar um tributo a sua em memória, na Praça do Parnamirim, local onde existe um busto em sua homenagem desde 2016.
O padre foi vítima do regime de 1964, que perseguiu e assassinou trabalhadores e trabalhadoras, além de religiosos, estudantes e todos aqueles que lutavam por liberdade e contra o autoritarismo.
O Padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto tinha apenas 28 anos de idade quando foi sequestrado, torturado e assassinado, na cidade do Recife. Jovem, poliglota e ordenado padre havia três anos e cinco meses, ele era auxiliar do então arcebispo dom Helder Camara, na Arquidiocese de Olinda e Recife.
Por muito tempo sua morte foi tratada como um crime comum pela polícia. Somente em 2014, através da Comissão Estadual da Memória e Verdade, ficou provado que o crime teve motivação política, com o envolvimento de agentes do Estado e civis integrantes da extrema direita pernambucana, como consta em relatório elaborado e divulgado pela Comissão.
Padre Henrique foi sequestrado, torturado e morto na madrugada do dia 27 de maio de 1969 por um grupo do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e por agentes da polícia civil de Pernambuco. O eclesiástico tinha participado de duas reuniões com jovens e pais na noite do dia 26, no largo do Parnamirim. Recusou reiteradamente a carona de seus alunos e foi visto a última vez por uma aluna sua, Lavínia Lins, na companhia de três homens em uma rural verde e branca.
No dia seguinte, às 6h, seu corpo foi encontrado com sinais de tortura e tiros na cabeça, na grama, entre o meio fio e uma cerca de arame farpado em uma avenida da Cidade Universitária, no Recife. As circunstâncias, as lesões e a natureza do crime indicavam ter sofrido torturas e ter sido executado por mais de um agente.
Na organização do evento estão a Arquidiocese de Recife e Olinda, Comissão Arquidiocesana Pastoral de Juventude, Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Movimento dos Trabalhadores Cristãos (MTC), Trapeiros de Emaús, Fundação Maurício Grabois, mandato da vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), Instituto Dom Helder Camara (IDHeC), Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), Comissão de Justiça e paz Comitê de Luta de Casa Forte, Escola de Formação das Juventudes Padre Henrique, Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec), além de ex-presos e perseguidos políticos do regime militar.
Folha PE
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