A Polícia Federal intimou o ex-presidente Jair Bolsonaro a prestar esclarecimentos sobre o escândalo das joias da Arábia Saudita, trazidas ilegalmente para o Brasil. O depoimento está marcado para a próxima quarta-feira, às 14h30, na sede da corporação.
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, e o assessor Marcelo Câmara, que faz a segurança do ex-chefe do Planalto, também serão ouvidos no mesmo dia. O escândalo das joias foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo. Segundo a reportagem, o governo Bolsonaro tentou entrar no país com uma caixa de peças em diamantes sem pagar imposto. Os itens foram retidos pela Receita Federal. A comitiva conseguiu, porém, entrar com outro conjunto, de joias masculinas. As peças foram devolvidas pelo ex-presidente por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) (leia Memória).
Por meio de nota, a defesa de Bolsonaro disse que o depoimento "será uma oportunidade para ele prestar todas as informações necessárias". "É um ato processual corriqueiro, ocasião em que ele esclarecerá que agiu sempre de acordo com a legislação que regula a oferta de presentes de governos estrangeiros", acrescenta o comunicado.
As joias em diamante foram presenteadas pelo governo da Arábia Saudita, em outubro de 2021, e estão avaliadas em R$ 16,5 milhões. As peças apreendidas estavam na mochila de um militar que atuava como assessor de Bento Albuquerque, à época, ministro de Minas e Energia. Bolsonaro fez uma série de investidas para tentar resgatar os itens.
Nesta semana, foi revelado mais um presente que Bolsonaro recebeu em mãos do rei saudita, em 2019. O terceiro conjunto de joias é estimado em R$ 500 mil. No estojo, havia um relógio da marca Rolex, de ouro branco, cravejado de diamantes; um par de abotoaduras; um anel com diamantes e uma caneta prateada.
O TCU determinou, ontem, que Bolsonaro devolva essa terceira caixa de joias em até cinco dias úteis. Conforme a ordem do ministro da Corte Augusto Nardes, caso existam outros presentes em posse do ex-presidente, estes também devem ser encaminhados à Caixa Econômica Federal.
Outra denúncia aponta que Bolsonaro deixou dezenas de caixas de presentes em uma propriedade do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet, a "Fazenda do Piquet", como é conhecido o imóvel que fica no Lago Sul. Nardes determinou que outros presentes recebidos pelo ex-presidente e guardados no imóvel também devem ser incluídos na auditoria do TCU "com urgência".
Também ontem, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados aprovou requerimentos para que Bento Albuquerque e o ex-secretário da Receita Federal Julio Cesar Vieira Gomes sejam convocados a falar sobre as joias sauditas.
Correio Braziliense Foto reproduçao redes sociais
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