ARTIGO - SE QUERES SER UNIVERSAL

Escreveu o velho Tolstói: “se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia.” A assertiva do escritor russo ensina-nos, entre outras coisas, a  ter em conta a própria “aldeia”, o lugar onde nascemos, nos criamos e atuamos enquanto sujeitos históricos.

E nesse particular não podemos perder de vista o papel da memória.  

A memória é parte significativa do arcabouço simbólico dos povos, em todos os tempos e lugares. E sua preservação, diríamos até, é tão imperativa quanto a preservação da própria espécie humana. Pois é nela, na memória, que residem os referenciais necessários à manutenção das identidades individuais e coletivas, responsáveis por conferir sentido à caminhada histórica de cada homem e de cada mulher.

É pela memória que os seres humanos podem se identificar, quer como indivíduos, quer como comunidade. Ou seja, é pela memória que podemos saber quem fomos, por que fomos e como seremos – ou deveremos ser.

A memória funda raízes, estabelece relação de pertencimento e impulsiona a participação cidadã no âmbito do território. A preservação da memória é construção política da maior grandeza e condição indispensável para o exercício da plena cidadania. 

Portanto, o enaltecimento da memória, e, de modo especial, da memória local (seja do município, do bairro, da comunidade rural etc) é algo absolutamente necessário e deveria figurar entre as prioridades de qualquer governo que, efetivamente, se paute pela causa do povo.

José Gonçalves do Nascimento
Escritor

Da Redação RedeGN