Enquanto os estudantes pesquisadores da CAPES e do CNPQ , de todo o Brasil começam a visualizar seus extratos bancários com o reajustes de 40% nas bolsas de pesquisa, estudantes Baianos vivem a aflição do aumento não sair.
A triste realidade vem tirando o sono de muitos pesquisadores que aguardam ansiosos por essa promessa de aumento. Para o jornalista e doutorando do programa de Ecologia Humana e Gestão sócio ambiental da UNEB – campus Juazeiro, Nilton Leal, a demora de um posicionamento do governo sobre o reajuste das bolsas representa um descaso para com a comunidade acadêmica.
“Não entendo o porquê dessa demora em reajustar as bolsas. Estamos sem aumento há dez anos, ou seja, somos uma categoria totalmente desprestigiada dentro da Bahia, ao longo desses dez anos outras categorias receberam reajustes, por mínimo que fosse. Não merecemos todo esse descaso, pois nossas pesquisas estimulam o desenvolvimento tecnológico e social dentro e fora do Estado, e não valorizar a educação me parece uma bandeira que não condiz com o governo atual".
Na Bahia, a última correção da bolsa ocorreu há 10 anos, quando, em 2013, ainda durante o governo de Jaques Wagner (PT), o valor teve reajuste médio de 10%. De lá para cá, o assunto não foi mais discutido, apesar da pressão estudantil diante da defasagem. Entre 2021 e 2022, de acordo com o levantamento da Associação de Pós-Graduandos(as) da Universidade Federal da Bahia, as fundações de amparo à pesquisa dos estados de Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo passaram por reajustes de, em média, 25%.
Enquanto o reajuste não vem a estudante de doutorado em Agronomia da UESB, em Vitória da Conquista, Zilda Cristina Malheiros, vive o drama de muitos dos estudantes que estão distante da família e que para concluir a pós graduação tem que pagar aluguel, além das despesas básicas com alimentação.
“ As bolsas estão defasadas , além de todo esse problema, temos que nos dedicar à pesquisa em tempo integral, não podemos trabalhar. Muitas das vezes temos que tirar dinheiro do próprio bolso para aplicar na nossa pesquisa, isso tudo é muito frustrante. O nosso estado parece não valorizar a pesquisa” desabafa a pesquisadora.
A preocupação que bate à porta de todos os estudantes é de como vão se manter com as bolsas sem reajustes. Matheus Santos é pesquisador de nível mestrado no programa de pós graduação em genética e biologia molecular da Universidade Estadual de Santa Cruz. Segundo ele, o dinheiro da bolsa mal dá para as despesas com a alimentação, o que para o estudante favorece o desestímulo e a desvalorização da educação como um todo dentro da Bahia.
“Recebo atualmente 1500 reais. Além da dificuldade em se manter com essa mixaria, o transporte intermunicipal e coletivo das cidades de Ilhéus e Itabuna cobram preços absurdos na passagem, ainda trabalho com reagentes tóxicos e neurotóxicos, não temos direito a pagar menos no RU e não existe possibilidade de ter um plano de saúde, porque se pagarmos um plano de saúde não comemos e não pagamos aluguel. Já vi casos aqui de mestrando passar fome e ter que desistir do curso.”
No dia 16 de Fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou o plano de reajustes e recomposição das bolsas de estudo, pesquisa e extensão. A partir de março, valores para graduação, iniciação científica, mestrado e doutorado serão corrigidos entre 25% e 200% para a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O valor da bolsa de mestrado sobe de R$ 1.500 para R$ 2.100. Já o de doutorado vai de R$ 2.200 para R$ 3.100. No caso do pós-doutorado, o benefício passa de R$ 4.100 para R$ 5.200.
Enquanto o rejuste não sai, o único retorno que os estudantes baianos vem tendo com relação ao reajuste nas bolsas da FAPESB, tem sido dado por Joazeiro, chefe da Secti, em sua rede social. No último sábado, ele respondeu, em um comentário, que o reajuste já foi tratado internamente e que a pasta está tramitando uma proposta. “Sei que a ansiedade está grande, mas infelizmente não consigo responder hoje. Vou conviver com as cobranças mais alguns dias”, completou.
Além dos estudantes de mestrado e doutorado, o não reajuste nas bolsas prejudica jovens estudantes de iniciação científica, que hoje recebem apenas 400 reais para desenvolver suas atividades de pesquisa, Dayne Laurentino é graduada em pedagogia pela UNEB, campus Juazeiro. A estudante é mais um exemplo de como anda a o estímulo à pesquisa e a educação no Estado.
“Sou pesquisadora de Iniciação científica e recebo 400 reais, é complicado sobreviver com esse valor que não tem reajuste nenhum a tanto tempo, já não recebo auxílio permanência e utilizo a bolsa de IC para custear a ida à universidade bem como me manter. Meus outros colegas de outras bolsas obtiveram o reajuste, nós também precisamos disso “ conclui a estudante fazendo referências a reajustes que outros Estados deram .
Estudantes marcaram uma manifestação para a próxima quarta-feira (1º) em frente à sede da Fapesb, na rua Aristides Novis, no bairro da Federação, pelos ajustes financeiros.
Redação redegn Foto arquivo
2 comentários
27 de Feb / 2023 às 15h49
Estamos nesta luta!
27 de Feb / 2023 às 15h56
É muito triste saber que a pesquisa, e consequentemente os pesquisadores, não é tão valorizada quanto deveria ser