Representações de entidades da sociedade civil que integram a Coordenação Executiva do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional - Consea/BA, se reuniram na última terça-feira (10) com a nova gestão da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social - Seades.
O Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada - Irpaa faz parte dessa coordenação colegiada do Consea e o presidente da instituição, José Moacir dos Santos, participou da reunião.
De acordo com Moacir, no encontro foram discutidas estratégias para o combate à fome, principalmente com o foco na captação e armazenamento de água de chuva para consumo e produção de alimentos.
"Segundo pesquisas, as famílias que têm água de produção têm 50% menos chance de passar fome do que as famílias que não tem essa tecnologia (cisternas). De fato, para acabar com a fome, é preciso investir ainda mais na segurança hídrica das comunidades, em especial do Semiárido", afirma José Moacir.
O presidente do Irpaa também ressalta que outra pauta importante apresentada na reunião foi a defesa dos territórios das comunidades tradicionais, considerando que é preciso ter terra suficiente para garantir a produção de alimentos e "esses territórios estão sendo ameaçados por conta dos grandes empreendimentos de mineração, energia eólica, solar e o agronegócio".
Em matéria publicada no site da Seades, a secretária Fabya Reis reconhece as urgências e destaca que a questão da fome é uma prioridade do novo governo estadual. "Com o agravamento da fome nesses últimos quatro anos de desmontes no nível federal, a insegurança alimentar na mesa das famílias brasileiras e baianas aumentou [...] Diante disso, estamos arrumando a casa, estudando, dialogando e analisando estratégias para potencializar políticas de acesso à água e garantia de comida na mesa das famílias [...]", ressalta a gestora da Seades.
Diante das reivindicações apresentadas, Moacir avalia que "a secretária se mostrou bastante atenta à pauta do Conselho". Ele pontua ainda a sinalização da mesma de que "o Estado, nessa gestão, vai trabalhar para resolver essas questões fundiárias e hídricas no Semiárido".
Segundo Tiago Pereira, coordenador do programa Bahia Sem Fome, do Governo da Bahia, "temos um percentual elevado de famílias em situação de insegurança alimentar grave, um quantitativo de dois milhões de famílias". Pereira afirma que isso motivou a criação, pelo Executivo estadual, de uma coordenação estratégica e que estão sendo planejadas ações de emergência e estruturantes, tendo como centralidade a implantação do Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional.
Sobre a reunião, Tiago destacou a necessidade de "ter um alinhamento com a sociedade civil, com os movimentos sociais, em especial com o Consea, com essa pauta do combate à fome". Ele ressalta ainda a expectativa das ações governamentais relacionadas a essa pauta. "Esperamos que ao longo da gestão do governador Jerônimo, a gente consiga, de fato, minimizar os impactos da fome na vida das pessoas, sejam elas do rural ou urbano e, por que não dizer, da necessidade da gente erradicar a fome", afirma o coordenador do programa Bahia Sem Fome.
José Moacir enfatiza que Tiago Pereira também pontuou que, nas ações que serão executadas, o Programa de Convivência com o Semiárido, que já foi estabelecido no governo estadual anterior, deve ter uma atenção especial. "[...] precisa ser implementado o mais rápido possível [...] é uma das grandes bandeiras estruturantes do combate à fome", reivindica Moacir.
Irpaa | Foto: Jonas Santos - Ascom Seades
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