A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) disse ter identificado a mulher suspeita de agredir jornalistas durante ação de desmonte de acampamento golpista em Belo Horizonte na última sexta-feira (6).
Segundo a instituição, "uma mulher, suspeita pela agressão, foi identificada pela Guarda Municipal de Belo Horizonte, que comunicou à PCMG para dar prosseguimento às apurações".
"A Polícia Civil esclarece que a partir dos levantamentos realizados durante a investigação, com oitivas e demais diligências, é possível identificar a prática criminosa, caso tenha ocorrido, e a devida tipificação penal."
Os manifestantes bolsonaristas agrediram uma equipe do jornal "O Tempo" . Imagens registradas pela TV Globo mostram que o repórter e o cinegrafista conversavam com manifestantes quando uma mulher, com uma bandeira do Brasil enrolada no pescoço, jogou parte do equipamento de um colega no chão.
O jornalista reagiu e segurou o braço da mulher. Foi aí que ele e o cinegrafista foram golpeados por socos e chutes. Uma briga generalizada começou e um terceiro jornalista, da 98 FM, chegou a ser jogado no chão durante a confusão. Ele ainda não foi identificado.
Um guarda municipal interveio e a confusão terminou. A Polícia Militar estava local e não atuou para conter as agressões. O Exército não se manifestou.
Em nota, a Sempre Editora, responsável pelo jornal O Tempo, disse que "repudia qualquer tipo de agressão aos profissionais de imprensa em quaisquer situações".
"Lamentamos profundamente os atos de violência sofridos por integrantes de nossas equipes de reportagem, um repórter e um cinegrafista, especialmente, que cobriam a retirada do acampamento de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em frente à 4ª Região Militar do Exército Brasileiro, na Raja Gabaglia, em ação determinada pela Prefeitura de Belo Horizonte. Neste momento, em conjunto com os profissionais agredidos e com o departamento jurídico, a empresa estuda medidas judiciais cabíveis contra os agressores", afirmou.
A presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Alessandra Mello, disse que "lamenta que, em menos de 24 horas, mais de um jornalista tenha sido agredido em frente ao quartel da Raja, onde manifestantes de extrema direita estão acampados há dois meses, incitando o golpe, incitando atitudes contra a democracia. Isso é um absurdo. A gente espera que a Polícia Civil aja de maneira rigorosa para para apurar os envolvidos e punir no rigor da lei. A impunidade é o combustível da violência. Ela tem alimentado diuturnamente do Oiapoque ao Chuí a violência contra os jornalistas. Lamentável mais um caso em um tempo tão curto".
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) enviou nota. Veja a íntegra abaixo:
"O ano de 2023 já começou com uma onda de violência contra os profissionais da mídia, com o registro de agressões a equipes de reportagem em pelo menos seis estados: Ceará, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e, agora, o segundo caso em Minas Gerais. A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) acompanha com preocupação os recentes ataques a jornalistas por parte dos grupos bolsonaristas que, mesmo depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda não se desmobilizaram totalmente no entorno de quartéis do Exército. Os acampamentos bolsonaristas viraram zona de risco para profissionais da imprensa desde o resultado do segundo turno das eleições, quando levantamento conjunto da FENAJ e da Abraji apontaram 70 episódios de agressão contra a categoria no país.Diante do nível de hostilidade dos manifestantes, solicitamos às empresas jornalísticas que pautem a cobertura desses acampamentos somente com a garantia de segurança para seus profissionais.Também orientamos os profissionais agredidos a registrarem boletim de ocorrência. Pedimos, ainda, que as autoridades de segurança pública estaduais reforcem a vigilância em atos antidemocráticos. A FENAJ já enviou ofícios solicitando providências ao Ministério da Justiça e dando ciência dos casos à Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal (Secom). Solicitaremos providências aos governos estaduais e ao Ministério Público Federal".
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) disse que "repudia as agressões sofridas pelos jornalistas que faziam a cobertura da ação de remoção do acampamento em frente ao Comando da 4ª Região Militar do Exército, em Belo Horizonte".
"Os profissionais da imprensa foram empurrados pelos manifestantes e um deles chegou a ser agredido com uma bandeira. Além dos xingamentos e intimidações, um repórter teve o celular furtado e parte dos equipamentos foi danificada. A ABERT condena toda manifestação que não seja pacífica e lembra que todo e qualquer ato de violência que tenha como objetivo impedir a cobertura jornalística de fatos de interesse público é uma violação à liberdade de imprensa e ao direito de informação do cidadão, garantias previstas na Constituição Brasileira", afirmou, em nota.
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) declarou que "repudia a violência contra profissionais de imprensa e pede às autoridades uma rigorosa apuração dos fatos, com a punição dos responsáveis, para que agressões como estas não voltem a se repetir".
g1
1 comentário
09 de Jan / 2023 às 13h04
Que aja prisão aos vandalos e que a foto da mulher que agrediu o repórter na raja gabaglia seja publicada