Não nos cabe fazer juízo de valor sobre o que as pessoas ganham, sobre seus salários. Contudo, sendo público, devemos sim nos preocupar, falar, discutir e até criticar, de forma respeitosa.
O importante é analisar o valor do salário e o valor do trabalho de quem o recebe, qual a importância do serviço prestado, para a sociedade que paga.
Esse preâmbulo nos conduz a uma reflexão sobre o salário de agentes públicos do Município de Juazeiro -Bahia, notadamente, Prefeita, Vice Prefeito, Vereadores e Secretários de Governo.
Não queremos dizer que são injustos os mais de R$ 29 mil reais nos meses de janeiro e os mais de 31 mil partir de março que serão regiamente pagos à Prefeita e sem atraso, não é isso. Mas, se o salário consiste em dinheiro público, é importante comparar, por exemplo, ao dos servidores públicos da saúde que prestam serviços relevantes à sociedade. Aliás, estes, ultimamente, têm recebido seus vencimentos com recorrentes atrasos.
Reconheço a importância e o papel do vereador que ganhará acima de R$13 mil reais. Nesse sentido, não podemos falar de exorbitância salarial, todavia, se faz necessário uma reflexão por parte da sociedade, por parte do contribuinte, sobre o valor do salário pago em comparação ao do serviço prestado.
Sei que o salário dos servidores está amparado por uma lei municipal. O que não conseguimos entender é o fato de há bem pouco tempo, por exemplo, a Lei Federal que estabelece o piso nacional do magistério ter sido descumprida, visto que, estabelecia um percentual de reajuste acima de 33%, no entanto, a Câmara Municipal aprovou um reajuste de 26%, mesmo assim, retirando 20% de regência dos professores municipais, ou seja, na pratica o reajuste recebido pelos professores foi apenas de 6%. Embora, para ser justo, estão devolvendo em "suaves parcelas" a regência dos Professores.
Para refletir, também: vivemos uma paradoxal situação, pois, em alguns casos quem ganha mais, tem mais direitos e gasta menos. Por exemplo: o trabalhador comum não tem verba de representação, os vereadores sim; Prefeita, Vice Prefeito e Secretários vão trabalhar em carros oficiais. Com isso não gastam com transporte, nem com combustível, pois, até motorista têm.
Com alguma exceção, enquanto que o trabalhador tem que bancar seu deslocamento para o trabalho, seja no carro próprio, no ônibus coletivo, moto-taxi ou uber.
Por fim, não conseguimos entender é a disparidade existente entre a velocidade com que se vota o reajuste dos salários de Prefeito, Vice-Prefeito, Vereadores e Secretários que passam a desfrutar já em janeiro, e a lentidão para reajustar o salário dos demais servidores públicos, tomando como base o reajuste dos professores que, sequer, foi mencionado, embora, já exista uma portaria interministerial estabelecendo um percentual de 14,94% a partir de janeiro.
Nesse caso, os educadores terão que esperar os vereadores voltarem das férias, ou recesso, não sei bem a terminologia a ser aplicada. Só sei que é preciso refletir sobre o valor do salário.
Tony Martins – Pedagogo e Radialista
1 comentário
04 de Jan / 2023 às 09h47
Ainda temos no Brasil um olhar medieval sobre o trabalho. Há uma distância imensa entre os salários pagos. Não se valoriza e dá dignidades aos trabalhadores pela dimensão social de suas atividades . O trabalho é tratado como tripulium , uma tortura ccastigo como nos tempos medievais.