O transbordamento do rio Jequiezinho deixou 500 pessoas desalojadas, mais de 130 desabrigadas. Ao todo, 6500 pessoas foram afetadas direta ou indiretamente pela enchente no sudoeste da Bahia.
O nível do rio subiu depois que a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) precisou aumentar a vazão da Barragem de Pedra, na Bacia do Rio de Contas, por causa das fortes chuvas. Com mais água liberada, o rio transbordou, invadindo a cidade.
Em nota, a Chesf disse que devido a diminuição das chuvas e das vazões afluentes ao reservatório e ainda ao fato da previsão meteorológica não indicar a ocorrência de chuvas fortes na Bacia do Rio de Contas para os próximos dias, a defluência será reduzida aos poucos de 2.400 metros cúbicos por segundo para 1.800 m³/s, até nova reavaliação.
De acordo com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), que monitora as barragens em todo o estado, o volume de água liberado pela barragem foi três vezes maior do que o limite estabelecido para evitar inundações.
O volume de retenção máximo que ela pode liberar, que é de conhecimento da Chesf, sem causar cheia em Jequié é de cerca de 800 metros cúbicos. E ela chegou a liberar mais que isso, então ela já sabia que ela ia causar inundação de algum nível em Jequié", diz Eduardo Topázio, diretor de Recursos Hídricos e Monitoramento Ambiental do Inema.
O Inema diz que está analisando os procedimentos da Chesf para saber se todos os protocolos de segurança foram seguidos.
“O grande problema é verificar se, eu não posso fazer essa afirmação agora, se eles tinham consciência de que estava havendo uma vazão muito grande. É esse tipo de avaliação que faremos para ver se a operação foi feita ou não o que se sabe é que se não houvesse isso, a enchente era muito pior.
Por telefone, a Chesf informou que o poder público foi avisado sobre a liberação e que a chuva que atingiu a região foi atípica e que todo o controle de cheias é feito sob o controle de normas pré-estabelecidas. A empresa ainda disse que se não liberassem água, a barragem poderia estourar.
Segundo dados gerais do último balanço da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), em todo o Estado, até a manhã desta segunda-feira (26), 2.212 pessoas estão desabrigadas, 24.758, desalojadas, e 178.091 são afetadas pelos efeitos diretos do desastre. Foram registrados ainda sete feridos e um óbito. No total, 205.071 pessoas foram atingidas pelas enchentes em 106 municípios baianos.
Existem cerca de 800 barragens cadastradas no Inema em todo o estado. As maiores servem para geração de energia ou abastecimento de água. No início do mês, do total de barragens que tiveram considerável elevação no nível de água, quatro estão nas regiões mais atingidas pelos temporais.
Só entre as dez barragens operadas pelo estado, entre elas Pedra do Cavalo, no recôncavo, apenas uma está com nível abaixo de 70%. Outras seis já ultrapassaram os 100% de volume.
A Barragem do Aipim, na região norte, está quase um metro e meio acima da régua de medição. Segundo o próprio Inema, nenhuma barragem corre risco de romper.
g1 Ba Foto reprodução
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