O objetivo principal de um projeto de assessoria técnica e extensão rural - Ater é contribuir para a evolução das famílias e comunidades assessoradas nos aspectos sociais, produtivos, ecológicos e econômicos, levando em consideração as características encontradas em cada realidade e o conhecimento do povo, de cada comunidade.
Um exemplo disso é a transformação das práticas produtivas de Marizete Ramos, da comunidade Tradicional de Fundo de Pasto Três Carnaúbas, em Pilão Arcado.
“Foi muito importante pelo conhecimento de algumas coisas que a gente não tinha, como os biofertilizantes que a gente fez. Ajudou muito nas pragas das hortaliças. Fazemos também alguns tipos de rações para a apicultura. Técnicas de como labutar com os animais, com a plantação, com tudo. Foi um aprendizado bacana que a gente teve que foi só pra somar”, afirma a agricultora.
Paulo Soares, da comunidade Melancia, Pilão Arcado, também aponta os aprendizados sobre os medicamentos caseiros para vermes na criação e, principalmente, a importância dos cuidados com a produção nos canteiros, que se tornaram uma fonte de economia. “Foi muito bom para a gente, porque em vez da gente comprar no mercado, a gente mesmo produzia no canteiro de casa”. Da mesma forma que Paulo, a dona Maria Bernadete Santos, também da comunidade Melancia, percebeu os benefícios do cultivo das hortaliças. Com um pouco de cada coisa, além de ajudar nas finanças, ela reforçou a alimentação da família. Dona Maria Bernadete exalta a importância de levar para a mesa alimento limpo, livre de veneno, de “comer a alimentação vinda dos meus canteiros, do meu quintal”.
EnviarMaria Bernadete destacou ainda as orientações que recebeu para proteção das frutas, de fornecimento de alimentação para as abelhas e para o manejo da criação. Segundo ela, a contribuição da assessoria técnica “ensinou muitas coisas boas! Coisas que a gente até sabe, mas esquece e com a orientação a gente lembra. Outras vezes a gente liga e ela [a técnica] lembra a gente”.
A partir do trabalho de Ater desenvolvido nas comunidades, os/as agricultores/as passaram a enxergar alternativas sustentáveis. “Hoje eu consigo alimentar até meus animais sem comprar ração, produzindo na minha propriedade. E ração saudável!”, enfatiza Anerino Falcão, agricultor e presidente da Associação de Valentim e Arredores, em Pilão Arcado. Ele destaca ainda a importância das atividades para o fortalecimento da associação. “Estava um pouco assim, o povo querendo esmurecer e hoje tem muita gente querendo entrar na associação por causa dos avanços que viram que a gente tá começando alcançar, com as parcerias que têm com os técnicos”.
As atividades de monitoramento, que acontecem em média a cada três meses, começaram na última terça-feira (23) e terminam nesta sexta-feira. As ações marcam o início do terceiro, e último, ciclo de visitas às famílias atendidas por esse projeto, que é executado pelo Irpaa, com o apoio do Estado da Bahia. São 540 famílias que serão assessoradas até setembro de 2023, nos municípios Casa Nova, Curaçá, Juazeiro, Pilão Arcado, Remanso e Uauá.
O Fiscal de Contratos do Estado da Bahia, Marcos Rebouças, reforça a importância dessas visitas e avalia positivamente a execução do que foi planejado. “É importante saber a realidade de cada região, até porque temos diversos territórios. Quando chegamos na comunidade, nós percebemos a dificuldade, o conhecimento dos beneficiários hoje e podemos ver a realidade, como o projeto está sendo executado. Para a gente é uma satisfação ver que o projeto, da forma que foi pensado, vem sendo fielmente executado pelo Irpaa”.
Marcos destaca a dedicação dos/das assessorados/as em outras vertentes da vida comunitária e a integração de outras ações do Irpaa durante as atividades do projeto. “Eles executam os trabalhos da forma que os técnicos do Irpaa vêm colocando para eles através de cursos, palestras, engajamentos[...] Levo em consideração uma palavra que um beneficiário falou, que depois que o Irpaa entrou na comunidade deles, o projeto mudou significativamente a vida deles, tanto da unidade produtiva familiar, quanto da comunidade, através do associativismo”.
Além de orientações para os/as 07 técnicos/as de Ater, para aprimorar a atuação, em especial nos aspectos burocráticos, essas visitas do fiscal servem para captar informações que contribuirão, tanto para a execução do planejado, quanto para a formulação de novas políticas públicas. As observações e devolutivas das famílias durante as visitas são fundamentais para garantir o aprimoramento dessas ações. “Tudo o que vemos através de análises com cada beneficiário do projeto servirá de parâmetro para a gente, futuramente, melhorar cada vez mais esse projeto”, reforça o fiscal Marcos Rebouças.
O colaborador do Irpaa e coordenador do projeto, Alessandro Santana, explica que “o momento em que ele [o fiscal] chega, que conversa com as famílias, que verifica como o serviço contratado está chegando, nos deixa mais tranquilos, o trabalho é feito com mais transparência. As famílias também ficam satisfeitas, por saber que nós estamos ali acompanhando o andamento, os avanços, as experiências”, enfatiza.
Entre as falas dos/as agricultores/as é muito comum ouvir as palavras “transformação” e “possibilidades de comercialização”. Isso também aconteceu na conversa com a agricultora Nilcelia Santos, da comunidade Lagoa dos Cavalos, em Remanso. Ela destaca os benefícios da chegada de uma política pública de Ater. “Antes não tinha como a gente produzir muitas vezes nem pra comer, imagina para comercialização. Depois da gente ter Ater, a gente consegue produzir muito, com mais facilidade[...] Já estamos expandindo, comercializando no comércio e temos com abundância para comer e partilhar com os vizinhos”. Nilcelia, que prefere ser chamada de Bibi, pontua ainda que “o conhecimento nos faz produzir, crescer, expandir.[...] Saber que dentro da própria comunidade a gente pode ter renda para nos manter”.
Em complemento a estas afirmações empoderadas da agricultora Nilcelia, o coordenador Institucional do Irpaa, Clérison Belém, também enfatiza a importância da realização desses projetos, oriundos de políticas públicas de Ater, que, no final das contas, é benéfico para todos/as envolvidos/as no processo. “Isso é muito importante para o desenvolvimento rural da região, porque permite que os agricultores melhorem suas estratégias de produção e de comercialização. Também fortalece os grupos como associações, cooperativas e entidades locais. Então, essa política pública de assessoria técnica é fundamental para o desenvolvimento rural, para a Convivência com o Semiárido, para a produção agroecológica e o bem viver das famílias no campo”, finaliza.
Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
0 comentários