O “sono ruim” não é, necessariamente, poucas horas dormidas. Ele tem uma relação maior com a qualidade de sono, que é prejudicada pela ansiedade, depressão, excesso de trabalho e conectividade.
“Eu acho que a gente precisa entender, respeitar o nosso ritmo”, comenta o médico Luciano Drager, do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e presidente da Associação Brasileira do Sono.
O estudo Sleep quality in the Brazilian general population: A cross-sectional study, que tem Drager como o principal autor, chegou à conclusão de que mulheres, jovens, pessoas com insônia e que usam celulares antes de deitar são mais prováveis de terem uma qualidade de sono ruim. Por mais que esse seja um recorte brasileiro, Drager analisa: “Não chega a surpreender se você comparar com dados de outros países e pelas tendências de piora que nós já verificamos em outros estudos epistemológicos feitos no Brasil”.
Para a pesquisa, Drager e a equipe contataram uma agência experiente na área: “Nós usamos um questionário validado em português, inclusive já usado mundialmente: 2.635 pessoas responderam ativamente a essas perguntas para, a partir dessa qualificação de idade, de sexo, de local onde mora e de hábitos de vida, procurarmos tentar entender não só os 65% dormindo mal, mas também identificar aqueles fatores que possam estar contribuindo para isso”, comenta o especialista.
Para Drager, é necessário respeitar a rotina, já que a regularidade ajuda na melhora do sono. A conectividade também precisa diminuir próximo do horário de dormir.
O estudo conclui que as mulheres são as mais afetadas pela má qualidade de sono. Esse dado pode estar relacionado com a pressão social vivida pela mulher, com a menopausa ou também com o fato de a insônia ser mais comum nas mulheres. É necessária orientação médica para o uso de medicação no combate dessa má qualidade, porém, a mudança de hábito é fundamental segundo Drager.
“Temos que fazer uma higiene do sono, se a gente considerar o sono uma fase importante da vida e não uma fase em que você está perdendo tempo”, analisa ele. Na atualidade, o estilo de vida envolve estar conectado constantemente e, dessa forma, dormir é considerado perda de tempo. Drager diz que os jovens estão tendo uma pior qualidade de sono do que os mais velhos, sendo que os de maior idade têm uma necessidade biológica.
Esse hábito impacta no sono e isso é grave, porque o sono é muito importante na consolidação da memória, na performance, na incidência de distúrbios cognitivos. “[É importante] Reconhecer o sono como uma parte significante na nossa vida, não roubar esse sono em termos de privação, respeitar a regularidade e tratar esses distúrbios”, ressalta Luciano Drager.
Jornal da USP Foto Agencia Brasil
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