As ondas de calor deixarão, nas próximas décadas, regiões inteiras do mundo inabitáveis, alertaram, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV).
Além disso, até o fim deste século, o fenômeno, que ficará cada vez mais recorrente e intenso, será responsável por taxas de mortalidade muito altas, "comparáveis, em magnitude, a todos os cânceres".
Populações mais pobres são as mais vulneráveis, mas o problema é global, alerta o relatório divulgado em conjunto. Em quase todos os territórios em que há estatísticas disponíveis, indica o documento, as ondas de calor constituem o perigo climático mais mortal. Isso porque existem limites a partir dos quais humanos expostos regularmente a altas temperaturas e umidade extremos não conseguem sobreviver e a partir dos quais as sociedades não conseguem se adaptar.
Essas condições acarretarão "sofrimento em grande escala e perda de vidas humanas, movimentos populacionais e agravamento das desigualdades", alertaram as organizações. Ainda no documento, elas enfatizam que o calor extremo é um "assassino silencioso" cujos efeitos se amplificarão, criando imensos desafios para o desenvolvimento sustentável do planeta e causando novas necessidades humanitárias.
"Todos os anos, milhares de pessoas morrem pelas ondas de calor, um fenômeno que se tornará cada vez mais mortal à medida que as mudanças climáticas se acentuam", enfatizam Martin Griffiths, chefe do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), e Jagan Chapagain, secretário-geral da FICV.
CENTROS URBANOS: Regiões como o Sahel e o sul e sudoeste da Ásia poderão ser as mais atingidas. De acordo com um estudo citado no relatório, o número de pessoas pobres vivendo em calor extremo nas áreas urbanas aumentará em 700% até 2050, especialmente na África Ocidental e no sudoeste asiático.
Exemplos da história recente sinalizam o tamanho do problema. O relatório lembra que ondas de calor causaram algumas das catástrofes mais mortais já registradas nos últimos tempos. Em 2003, na Europa, deixaram mais de 70 mil mortos. Um problema similar enfrentado pela Rússia em 2010 matou mais de 55 mil pessoas. Neste ano, regiões e países inteiros do norte da África, da Austrália, da Europa, do sul da Ásia, do Oriente Médio, da China e do oeste dos Estados Unidos sofreram temperaturas recordes.
As organizações indicam a urgência de grandes investimentos para mitigar o impacto das mudanças climáticas e contribuir para a adaptação a longo prazo das populações mais vulneráveis. Algumas medidas disponíveis, porém, têm efeitos limitados e questionáveis. O aumento dos sistemas de ar-condicionado, por exemplo, além de caro, consome muita energia, o que também contribui para as mudanças climáticas.
Correio Braziliense
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