Os candidatos à Presidência da República jogam, nesta quinta-feira (29/9), suas últimas cartas no debate promovido pela Rede Globo a menos de 48 horas da abertura das urnas. O evento começa às 22h30, após a novela Pantanal, e será o segundo e derradeiro embate a colocar frente a frente os líderes das pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Com esperança de liquidar a eleição no primeiro turno, Lula deve adotar postura mais agressiva do que a do debate da Band, no fim de agosto, no qual foi atacado por Bolsonaro no campo da corrupção e não respondeu bem.
Já Bolsonaro tem o objetivo de garantir um segundo turno na disputa, para tentar mudar a história de uma eleição em que as consultas de intenção de voto mostraram Lula na liderança durante todo o período. Para isso, deverá aumentar ainda mais o tom contra o petista. O atual chefe do Executivo federal ainda precisará acenar ao eleitorado feminino, que tem apresentado alta rejeição à sua candidatura.
Além dos líderes nas sondagens, foram convidados para o debate na Globo os candidatos de partidos com ao menos cinco representantes na Câmara dos Deputados: Ciro Gomes (PDT), Padre Kelmon (PTB), Felipe D’Ávila (Novo), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil). Os concorrentes serão distribuídos no estúdio da Globo, no Rio de Janeiro, em ordem alfabética. Com isso, Lula e Bolsonaro não vão ficar próximos um do outro.
O debate terá quatro blocos, e em todos serão os próprios candidatos que farão questionamentos uns aos outros. Não haverá, portanto, perguntas do mediador, William Bonner, de jornalistas da empresa ou do público. Em dois blocos, o tema será livre, e nos outros dois, as discussões terão de ser sobre temas sorteados por Bonner na hora.
Além da Globo, na TV aberta, o portal g1 e a plataforma Globoplay vão transmitir o debate, que vai acabar na madrugada da sexta-feira (30/9), à 1h40. Quatro candidatos ao Palácio do Planalto ficarão de fora da discussão: Constituinte Eymael (DC), Léo Péricles (UP), Sofia Manzano (PCB), e Vera (PSTU).
As estratégias de cada um
Lula
Líder nos levantamentos, o petista quer se concentrar em não errar e em enervar Bolsonaro. A estratégia, ao contrário do debate da Band, é responder com firmeza às criticas do adversário sobre corrupção e tentar jogar nele a imagem de corrupto, lembrando de temas sensíveis, como a compra de imóveis em dinheiro vivo pela família do presidente.
Quanto aos demais candidatos, como Ciro e Tebet, que também devem atacá-lo, Lula foi orientado a não responder, de modo a não agredir o eleitorado deles, de olho no voto útil já no primeiro turno ou o apoio deles num eventual segundo turno.
Bolsonaro
O debate na Globo é considerado pela campanha de Bolsonaro como última chance de trazer para a campanha um fato novo que interrompa a tendência de alta de Lula nas pesquisas e tire o presidente de uma incômoda estabilidade.
O mandatário do país deverá, então, bater forte em Lula e aproveitar a ajuda de outro debatedor, o Padre Kelmon, para ressaltar os feitos do governo, sobretudo na área econômica. A redução no preço da gasolina, por exemplo, será relembrada pelo presidente.
Ciro Gomes
Em tendência de baixa nas últimas pesquisas, Ciro deverá dobrar a aposta na tática de atacar tanto Lula quanto Bolsonaro para tentar erodir o eleitorado dos líderes.
Com poucas chances de retomar crescimento em um momento em que apoiadores históricos, como Caetano Veloso, estão migrando para Lula, Ciro deverá pregar contra o voto útil.
Simone Tebet
A emedebista foi bem no debate da Band e viu suas intenções de voto subirem de 2% ou 3% para ao menos 5% nas principais pesquisas. Patamar que tem mantido desde então e que espera ampliar. A expectativa na campanha de Tebet é chegar na frente de Ciro Gomes, um resultado que a ajudaria a ser mais competitiva em eleições futuras.
Se a tática de Simone der certo, cai a chance de a eleição ser decidida em primeiro turno.
Soraya Thronicke
Candidata que substituiu a primeira tentativa do partido, o deputado federal Luciano Bivar, Soraya não conseguiu deslanchar nas consultas, mas teve bons momentos nos embates com Bolsonaro tanto na Band quanto no SBT. Eleita senadora em 2018 como apoiadora do presidente, ela deverá voltar a vestir o figurino de bolsonarista arrependida e pode representar uma casca de banana para Bolsonaro.
Felipe D’Ávila
O candidato do Novo também não conseguiu conquistar intenções de voto na campanha, mas vai usar o debate para difundir as pautas liberais do partido e para promover aliados com chances de ser eleitos, como o mineiro Romeu Zema, que lidera as pesquisas em seu estado.
Padre Kelmon
O petebista é substituto de Roberto Jefferson, que teve o registro negado pela Justiça Eleitoral, e não tem ambições nesta eleição para além de ajudar o presidente Bolsonaro. Quando não estiver elogiando o candidato à reeleição, o religioso deverá pregar contra o aborto.
Metrópoles / foto: reprodução
0 comentários