No centro de grandes debates, as fontes de geração de energia no Brasil e como as comunidades são tratadas dentro do contexto que envolve desde o consumo da energia até aos milhares de famílias afetadas pelas grandes construções desses empreendimentos, a Matriz Energética Brasileira: Perspectivas e Soluções será um dos temas de mesa-redonda que acontecerá no próximo dia 15 de setembro, durante o quarto Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.
A mesa será composta pelo engenheiro Roney Nakano Vitorino da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), pelo professor Luciano Losekann da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pelo físico especialista em energética, Heitor Scalambrini. A moderação dos debates será feita pelo articulador político do Centro Brasil no Clima, Sérgio Xavier.
No Brasil, as fontes não renováveis, em particular o petróleo e derivados, são maioria na matriz energética (conjunto de fontes de energia, renováveis e não renováveis, disponíveis para produzir energia elétrica). No entanto, em comparação com outros países, a contribuição das fontes renováveis na matriz energética nacional, de acordo com o que ressalta o físico Heitor Scalambrini, é praticamente três vezes superior ao que ocorre no resto do mundo. “O Brasil é um dos principais países que produzem energia elétrica a partir das fontes renováveis: hídrica, eólica, solar, termelétricas, biomassa, tendo um diferencial importante em relação ao resto do mundo, em termos da participação relevante nas matrizes energética e elétrica das fontes renováveis de energia. Todavia, ainda restam importantes questões pendentes, como a expansão de usinas nucleares, apoio ao uso de carvão mineral em termelétricas, desincentivo ao uso da geração distribuída no país, com a ‘taxa do Sol’ e impactos socioambientais produzidos pelas fontes renováveis solar e eólica”, destacou.
Além disso, sobre a política energética e as escolhas adotadas pelo país nos últimos anos, o físico pontua que se verifica um protelamento da necessária e urgente descarbonização (redução da concentração de gases na atmosfera). “Trata-se de um instrumento necessário no enfrentamento da ‘emergência climática’ que estamos vivenciando. Alguns setores, como o petróleo e gás, e o nuclear, contam com lobistas influentes que acabam tendo papel de relevo nos processos de decisão. O sistema elétrico como foi concebido, um sistema integrado nacionalmente, tem grandes especificidades, e necessitam de uma gestão das águas muito eficiente diante dos seus múltiplos usos, e de incorporar na gestão, as mudanças no clima e suas consequências que já estão ocorrendo”.
Lembrando que embora o Brasil tenha grandes potenciais de fontes renováveis de energia onshore (gerada pelo aproveitamento da força do vento através dos aerogeradores instalados em terra) e offshore (se obtém a partir do aproveitamento da força do vento que sopra em alto-mar), a evolução do atual modelo centralizado de expansão da energia solar fotovoltaica e da energia eólica, nos últimos anos enfrenta questões ambientais sérias quanto a denúncias de destruição ambiental e impactos socioambientais.
“A quantidade de manifestações e denúncias de comunidades já impactadas pela implantação dos complexos eólicos e usinas solares, têm alertado quanto ao desmatamento produzido, as mudanças nos modos de vida das populações atingidas, e a expropriação de terras em andamento através dos draconianos, abusivos contratos de arrendamento. Mas, acredito que é preciso diversificar as fontes de geração e integrá-las entre si. Pensar o sistema elétrico nacional, como um sistema híbrido, contando com diversas fontes renováveis de energia para “alimentá-lo”. Por exemplo, no Nordeste, os meses de baixa pluviometria são aqueles com mais radiação solar incidente, e durante as noites a velocidade dos ventos é maior que durante o dia, em que o sol é abundante. As particularidades destas fontes energéticas devem ser levadas em conta com um modelo de geração menos agressivo com o meio ambiente, apropriado; fundamental para reduzir ainda mais, a participação das termelétricas e combustíveis fósseis na matriz elétrica nacional”, afirmou Scalambrini.
A mesa-redonda sobre a Matriz Energética Brasileira: Perspectivas e Soluções acontecerá a partir das 15h. O Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco será realizado nos dias 14 a 16 de setembro de 2022, no Hotel Ramada by Wyndham, localizado na Av. Álvares Cabral, 967 – Lourdes, em Belo Horizonte/MG.
CHBSF Juciana Cavalcante
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