Um levantamento feito por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais aponta que a população de rua cresceu no Brasil, em 2022. De janeiro a maio, mais de 26 mil novas pessoas foram registradas como em situação de rua, no CadÚnico, o cadastro do governo federal que dá acesso a benefícios sociais. Hoje, no país, mais de 180 mil pessoas estão nessa situação.
Levantamento feito pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua da UFMG aponta que só em 2022, até maio, 5.039 mil pessoas foram viver nas ruas da capital paulista. A população em situação de rua da cidade chegou à 42.240 pessoas. Número maior do que os quase 32 mil, apontados pelo último censo da Prefeitura, divulgado em janeiro.
No Brasil, pelo menos 26.447 pessoas foram morar nas ruas em 2022. Essa população saltou de 158.191 em dezembro de 2021, para 184.638 no mês passado.
O coordenador do observatório explica que os dados foram retirados do CadÚnico, banco de dados do governo federal que é alimentado pelas prefeituras.
“Agora no ano de 2022, os municípios eles têm feito um esforço justamente na tentativa não somente de cadastro de novas pessoas, mas também de uma atualização, mas as filas elas ainda são grandes nos municípios. A população em situação de rua especialmente no Brasil ela é uma população majoritariamente negra. A relação entre o fenômeno da população de rua e séculos de escravidão, e de um racismo estrutural, estruturado, um racismo estrutural instaurado no nosso país ela é muito nítida”, diz André Dias, coordenador do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua da UFMG.
Segundo o levantamento, 68% das pessoas em situação de rua são negras, 87% homens, a maioria com idades entre 18 a 59 anos, com o ensino fundamental incompleto.
Por causa do aumento da população de rua, e com a chegada do frio, Psol, Rede e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto entraram com uma ação no Supremo Tribunal Federal e pediram políticas públicas para diminuir o sofrimento dessa população.
Na ação, são pedidas 42 medidas de proteção a população em situação de rua. Há desde a criação de um comitê formado por entidades civis nas cidades até a utilização de recursos como ginásios, escolas para abrigar as pessoas na época do frio.
Mas antes de tomar qualquer decisão, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, pediu informações sobre quais providências e políticas públicas de proteção têm sido adotadas pelo governo federal, os governos estaduais, do Distrito Federal e as prefeituras.
Para o padre Júlio Lancellotti, vigário da Pastoral do Povo da Rua, saber quantos são e quem são as pessoas em situação de rua é fundamental para administrar políticas públicas, combater a violência contra essa população e também o desprezo ao pobre, prática conhecida como aporofobia.
"O aumento da população em situação de rua, a desarticulação, a descontinuidade e a forma não qualificada de respostas faz com que o problema seja cada vez mais visível. Cada vez mais incomode, causa medo e esse medo gera ódio. Então, a aporofobia ela é ligada a essa ausência de resposta que tenha a questão da qualidade e quantidade”, explica o padre Júlio.
Jornal Hoje e Pastoral Povo da Rua Foto arquivo redegn Ney Vital
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