O número de pessoas que vão ao escritório uma vez por semana disparou nos últimos meses, enquanto empresas de Apple a Peloton estabeleceram prazos para o retorno do trabalho presencial.
Mas, em Nova York, nos EUA, uma pesquisa feita entre empresas de serviço mostra que a maioria acha que o home office está reduzindo em vez de aumentar a produtividade, como se imaginou durante a pandemia.
Na contramão, os trabalhadores não parecem dispostos a abrir mão das vantagens de adotar ao menos um modelo híbrido. Um total de 50% das idas ao escritório em todo o mundo ocorreu apenas uma vez na semana no segundo trimestre, acima dos 44% no primeiro trimestre, de acordo com a pesquisa da Basking.io, empresa de análise de ocupação do espaço de trabalho.
Ao mesmo tempo, menos pessoas se deslocavam ao escritório de quatro a cinco vezes por semana, principalmente nas grandes cidades.
Os temores de recessão econômica fazem muitos se perguntarem se um ultimato de retorno ao escritório pode estar próximo. Grandes empresas como Tesla e Goldman Sachs estão na vanguarda do movimento, e até mesmo o autor de best-seller Malcolm Gladwell disse que as pessoas precisam estar no escritório para ter uma "sensação de pertencimento".
No entanto, muitos funcionários ainda se sentem à vontade para ignorar as exigências do mercado de trabalho, com a demanda por trabalhadores superando em muito a oferta nos EUA.
“Mesmo com a maioria das empresas implementando uma política híbrida de ‘três dias no escritório’, a maioria dos funcionários prefere visitar o escritório apenas uma vez por semana”, escreveu Eldar Gizzatov, CEO da Basking.io, no relatório. “A pandemia acostumou as pessoas a trabalhar remotamente e não há uma razão concreta, na maioria das profissões, para retornar aos escritórios.”
Embora o número de dias presenciais de trabalho tenha diminuído, a duração das visitas aumentou, de acordo com a Basking.io, que analisou dados de wi-fi de 100 escritórios de sete organizações ao redor do mundo para medir as mudanças na utilização do espaço do escritório.
Os hábitos de trabalho remoto estão se estabelecendo em padrões específicos. Cerca de 55% dos funcionários trabalham presencialmente e em tempo integral, principalmente aqueles em empregos de linha de frente, como varejo, serviços de alimentação e manufatura, de acordo com uma pesquisa do professor de economia de Stanford, Nicholas Bloom.
Aproximadamente 30% têm acordos híbridos, geralmente gerentes e profissionais, enquanto 15% dos trabalhadores são totalmente remotos, principalmente em funções de suporte, como nos setores de folha de pagamento e tecnologia da informação.
Enquanto os profissionais parecem apegados ao home office, a maior parte das empresas do setor de serviços de Nova York acredita que o trabalho remoto está tirando produtividade dos negócios. É o que mostra uma pesquisa feita pelo Federal Reserve (Fed) de Nova York divulgada na última terça-feira (16).
Cerca de 30% das empresas ouvidas reportaram efeitos negativos na produtividade com o home office, enquanto 20% apontaram resultados positivos. Os outros 50% identificaram mudanças pequenas, não significativas, em suas atividades.
Foram ouvidas 150 executivos de negócios nova-iorquinos pela pesquisa, cujas conclusões contrariam outras que apontavam o trabalho remoto como benéfico para produtividade e capaz de aumentar a satisfação dos profissionais com o trabalho, reduzindo os pedidos de demissão.
Atualmente, a estimativa é que cerca de 30% dos profissionais do setor de serviços nos Estados Unidos estejam trabalhando remotamente em ao menos parte da semana. A maioria faz home office às segundas e sextas-feiras.
As empresas pesquisadas em Nova York estimam que, em média, seus empregados ficam 3,3 dias por semana fora do escritório, média que eles querem reduzir.
O Globo e Folha Pernambuco
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