Agentes Comunitárias/os Rurais (ACRs) se reuniram para debater a atuação delas/es ao final do ano, quando será encerrado o projeto em que atuam e que investiu em formação das pessoas, planejamento e estruturação de empreendimentos, com assessoria técnica, contribuindo para o fortalecimento da agricultura familiar e o aumento da produção na Bahia.
Durante o evento, que contou com a participação de ACRs do Território Sertão do São Francisco, as/os jovens ACRs relembraram os desafios na execução do projeto, mas focaram na busca por visualizar oportunidades para as comunidades se fortalecerem e seguirem melhorando a alimentação e a renda, mesmo após o fim do projeto.
Camila Cafezeiro, fiscal de contratos da CAR, afirma que “muita gente questionava essa ação no final de um projeto”, mas ela defende a ação a qual enxerga como “uma forma deles [ACRs] vislumbrarem o futuro”. De acordo com a representante da CAR, o papel da oficina foi instigar as/os ACRs a discutir como podem contribuir após o final do projeto, tendo em vista os desafios enfrentados, os avanços e as oportunidades que agora estão sendo desenhadas.
Em algumas comunidades, a atividade produtiva proposta no projeto chegou como novidade e até levaram tempo para cair no gosto do povo, como é o caso de Lagoinha, Casa Nova-BA, onde foi dado início à apicultura, como conta o ACR, Ricardo Santos. “Tem beneficiário que já fez duas colheitas”, revela ele, momentos após ter contado o quanto foi difícil o início, com a atividade apícola cercada de desconfiança das famílias assessoradas.
Para a ACR, Gilvânia Santana, da comunidade Lagoa do Boi, em Juazeiro-BA, uma das coisas mais importantes deixadas pelo projeto é o aprendizado. Ela promete continuar contribuindo com a comunidade. “Por mais que o projeto esteja se encerrando, não fecha o ciclo [...] O aprendizado fica e permanece o vínculo com a comunidade da mesma forma”, explica.
Assim como Gilvânia, Rosângela Luna, também pretende seguir contribuindo com a comunidade. “Eu penso em continuar na minha comunidade desenvolvendo o trabalho e, com os conhecimentos adquiridos, utilizar nas minhas atividades do dia a dia, continuar auxiliando as comunidades.
André Luiz, colaborador do Irpaa e coordenador do projeto, relata que houve maior sucesso nas cooperativas e associações que tinham ACRs. “Esses avanços podem ser percebidos na parte de comercialização”, explica o colaborador. André conta que alguns empreendimentos estão “levando animais para o abate inspecionado em frigoríficos, garantindo um preço justo pela carcaça dos animais”, uma conquista que é fruto da organização dos grupos produtivos e da assessoria técnica, que teve no papel principal a juventude.
De acordo com o coordenador, a contribuição das/dos ACRs foi fundamental para os bons resultados e cita avanços como a organização administrativa para a execução do projeto, os mutirões como forma de contrapartida e a melhoria na alimentação. “Percebemos que melhorou em muitas comunidades a garantia de uma alimentação saudável”, complementa André.
Em consonância com André, Camila Cafezeiro enaltece a importância do trabalho das/dos jovens ACRs nas comunidades e diz que “o jovem no meio rural é muito importante”, pois além de contribuir de várias formas, serve de exemplo para crianças e adolescentes.
Entre as ações de assessoria desenvolvida por jovens nas comunidades, Ivonaldo Rodrigues, colaborador do Irpaa e coordenador pedagógico destaca o papel motivador que tem a assessoria técnica. “Um dos principais papéis é animar o agricultor e até a comunidade” onde está acontecendo a Ater, argumenta.
Para Lorena Melo, assistente territorial da CAR, um dos grandes avanços notados são as feiras agroecológicas, que surgiram em vários municípios e estão ganhando força, demonstrando a capacidade produtiva da agricultura familiar e o compromisso de colocar comida limpa na mesa da população. “Produzir sem agrotóxico, trazendo um produto limpo para o mercado […] É uma diversidade e troca de experiências que valoriza o produto, a agricultura familiar”.
Para Thiago Lopes, fiscal da CAR, um dos fatores fundamentais para o sucesso dos empreendimentos no Território Sertão do São Francisco foram os conhecimentos e práticas sobre a Convivência com o Semiárido, o que segundo o fiscal "resulta em termos produtivos”.
O projeto, que viabilizou a assessoria técnica do Irpaa em oito municípios, é de autoria da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), que conta com recursos advindos de um acordo de empréstimo entre o Governo da Bahia e o Banco Mundial.
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