O espetáculo teatral O Massacre de Angico - A Morte de Lampião foi exibido pela primeira vez há 10 anos e está mais uma vez na programação do Tributo a Virgolino - A celebração do Cangaço, evento promovido pela Fundação Cabras de Lampião, e que vai ser realizado entre os próximos dias 27 e 31 de julho.
A peça, voltada para toda a família, vai acontecer em todos os dias do evento, sempre às 20h, na Estação do Forró em Serra Talhada. A entrada é gratuita e a expectativa é que mais de 50 mil pessoas confiram o trabalho ao longo dos cinco dias.
O Massacre de Angico - A Morte de Lampião relembra o encontro entre os militares do governo Getulista e os cangaceiros liderados por Lampião e Maria Bonita. O casal e outros nove integrantes do bando foram mortos no dia 28 de julho de 1938, na grota de Angico, em Sergipe, o que praticamente pôs fim a Era do Cangaço. O texto dramatúrgico foi escrito pelo pesquisador do Cangaço, Anildomá Willans de Souza, natural de Serra Talhada, mesma cidade onde Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, nasceu, e onde a peça será encenada.
Para Anildomá, o "molho" que rege toda esta história é o perfil apresentado do homem, símbolo do Cangaço, visto por um viés bem mais humano. "Mostraremos ao público um Lampião apaixonado, que sente medo, que é afetuoso, e que não representa somente a guerra travada contra os coronéis e fazendeiros, contra a polícia e toda estrutura de poder. Vamos mostrar o homem que amava as poesias e sua gente", revela o autor.
Com o lema "O Maior Espetáculo ao Ar Livre do Sertão Nordestino", O Massacre de Angico - A Morte de Lampião conta com 30 atores, 70 figurantes, além de 40 profissionais na equipe técnica e administrativa. A direção é de Izaltino Caetano, mestre responsável por grandes produções teatrais ao livre em Pernambuco.
No elenco, atores de Serra Talhada, e também do Recife, de Limoeiro e de Olinda, além da atriz/cantora Roberta Aureliano, que interpreta Maria Bonita e é natural de Maceió, Alagoas, mas passou toda a infância em Serra Talhada. O ator e dançarino, Karl Marx, vive o protagonista Lampião.
"A responsabilidade é grande porque trata-se de uma personagem que mexe com a imaginação das pessoas, que influenciou a cultura popular sertaneja, os valores morais e até o modo de viver do nosso povo. Para mim, que sou da terra de Lampião, que nasci e me criei ouvindo histórias sobre esses homens que escreveram nossa história com chumbo, suor e sangue, me sinto feliz e orgulhoso pela oportunidade de revelar seu lado humano, suas emoções, seus medos e todos
os elementos que o transformaram nessa figura mítica", declarou Karl Marx . "Este trabalho é mais do que um desafio profissional. É quase uma missão de vida, ainda mais quando se trata de Cangaço, tema polêmico que gera divergências, contradições e até preconceitos", acrescentou ele,
Trata-se de uma realização da Fundação Cultural Cabras de Lampião, com incentivo do FUNCULTURA/Secretaria de Cultura/Governo do Estado de Pernambuco e Prefeitura Municipal de Serra Talhada, além de diversas empresas locais. A montagem teve a sua estreia em julho de 2012.
História - O espetáculo reconta a vida do Rei do Cangaço, Lampião, desde o desentendimento inicial de sua família com o vizinho fazendeiro, Zé Saturnino, ainda em Serra Talhada, até a sua morte. Na história, para evitar uma tragédia, o pai, Zé Ferreira, fugiu com os filhos para Alagoas, mas acabou sendo assassinado por vingança. Revoltados e querendo fazer justiça com as próprias mãos, Virgolino Ferreira da Silva e seus irmãos entregaram-se ao Cangaço, movimento que deixou políticos, coronéis e fazendeiros apavorados nas décadas de 1920 e 1930 no Nordeste. Temidos por uns e idolatrados por outros, os cangaceiros serviram como denunciantes das péssimas condições sociais da época.
Ascom
4 comentários
24 de Jul / 2022 às 10h16
Não me conformo quando vejo esse tipo de celebração ao banditismo, essa tentativa de humanizar um monstro afeito à barbárie... Tentam subverter a história querendo transformar esse facínora em uma espécie de "Robin Good do sertão", como se tudo que Lampião fez foi "combater e roubar os grandes latifundiários e as forças opressoras do Estado", distribuindo aos pobres o butim, quando, na verdade, esse carniceiro e sua alcateia não fazia nenhuma distinção de suas vítimas, barbarizando todos que passavam em sua frente... CONTINUA
24 de Jul / 2022 às 10h19
CONTINUAÇÃO... A seguir, uma amostra do "amor por sua gente" que esse "amante da poesia" (rsrs) demonstrava: 1930 - Lampião passa por Nossa Senhora das Dores em Sergipe, onde seu bando cometeu atrocidades como a morte de um rapaz que apresentava problemas mentais e a castração de Pedro Batatinha, que vinha da Malhada dos Negros a fim de arrancar um dente que muito o afligia e foi mutilado pelos cangaceiros Fortaleza e Cajueiro na presença de Lampião — que testemunhou indiferente o ato e em seguida arrancou parte da orelha da vítima... CONTINUA...
24 de Jul / 2022 às 10h23
CONTINUAÇÃO... 04 de junho de 1930 - Lampião ataca trabalhadores de uma estrada de ferro próxima a Juazeiro - BA, matando 35 reféns... 17 de outubro de 1930 - Lampião ataca a cidade de Simão Dias - SE. Invadiu casas, saqueou o comércio local e humilhou alguns moradores, levando a morte à esposa do latifundiário Martinho Ferreira Matos, QUE ESTAVA DE RESGUARDO QUANDO FOI VIOLENTADA POR LAMPIÃO... 5 de janeiro de 1932 - Lampião invade a cidade de Canindé - SE. Nesta cidade, VIOLENTA VÁRIAS MOÇAS e saqueia o comércio local...
24 de Jul / 2022 às 20h47
Srs leitores em especial o Sr Sandro Alves. Apesar de nordestino, já ouvi inúmeras versões sobre o assunto e, até hoje, não sabemos verdadeiramente o que aconteceu, e, afim, ao vosso comento, a quem diga, que o MST de hoje, é igual o que há muitos anos, Lampião, fez. Só corroborando.